sábado, 23 de janeiro de 2010



24 de janeiro de 2010 | N° 16225
DAVID COIMBRA


Como funciona uma clínica de cura do sexo

Como funcionará uma dessas clínicas que livram as pessoas do terrível vício do sexo, como aquela em que está internado o Tiger Woods, lá no Grande Irmão do Norte? Deve ser um serviço muito especializado, muito sofisticado.

Porque, obviamente, é bem mais difícil convencer uma pessoa a largar o sexo do que as drogas e o álcool, por exemplo. Afinal, a maioria das pessoas não usa drogas, muitos não consomem álcool, mas sexo...

Pense nesse mundo de meu Deus. Há guerras, há terremotos, há desabamentos, há todo gênero de intempéries homicidas e mais acidentes, assassinatos, um milheiro de doenças, cofres que caem na cabeça das pessoas, balas perdidas, insetos venenosos, leões e tigres devoradores de gente.

As pessoas morrem a todo instante e das mais criativas formas. E ainda assim a população do mundo continua aumentando...

Por quê?

Por causa da popularidade do sexo.

Agora mesmo, no exato momento em que você leu o mo do mesmo ou, depois, o mo do momento, neste preciso instante alguém está chafurdando no sexo, alguma mulher está ganindo e se retorcendo de intenso e profundo prazer, algum homem está pensando: “Tenho que contar isso pros caras...” As pessoas fazem sexo a toda hora.

A verdade é que o sexo tem enorme prestígio e vasto número de adeptos, apesar dos esforços em contrário da igreja católica e das feministas.

Logo, trata-se de uma tarefa titânica convencer uma pessoa de que sexo é ruim. Como eles fazem isso, os caras dessas clínicas? Como eles conseguem fazer com que alguém não tenha mais vontade de experimentar um sexinho?

Suponho que a comida que eles servem lá seja miúdos. Bem sei que mulheres se tornam frígidas em churrascarias, mas nós homens, não. Então, é preciso ser uma comida radicalmente desmotivante. Miúdos. Alguém que come miúdos não sente vontade de fazer sexo por vários dias.

A arquitetura do lugar também é importante. Não pode ser inspiradora. Agora, se for você o arquiteto, lembre-se que não poucas mulheres apreciam cometer sexo em locais insólitos. Ambientes aparentemente desestimulantes são, ao contrário, estimulantes para elas, como cemitérios, elevadores, confessionários, púlpitos, guidons de bicicleta, guichês de banco, oficinas de conserto de controle remoto e faixas de segurança.

O ideal é que a clínica seja parecida com um lugar no qual ninguém, absolutamente ninguém, se sinta excitado. Qual? Sei lá, um clube de mães, um aniversário de criança, uma reunião de maçons, uma palestra de consultor de empresas, um curso de excel, uma aula de contabilidade.

É fundamental que as funcionárias da clínica usem tênis e aquelas calças de fundilhos frouxos que as mulheres vestem ultimamente, perfeitas para alguém enojar-se de sexo. Ou calça jeans com saia por cima e chinelos de dedo. Ou rasteirinha. E coque, claro.

O som ambiente da clínica é Simone. A mulher pronuncia FÉlicidade e SÉra, quem vai se excitar ouvindo isso?

Nas TVs, TV Câmara.

Filme: qualquer comédia romântica americana.

Ressalte-se: adicto, depois de curado, não está curado. O Mal ainda está nele. É como o viciado em álcool, que, em abstinência, não pode nem comer um bombom com licor, ou voltará a beber. Assim, Tiger, o viciado em sexo, não pode afagar um joelho, não pode passar pela Plataforma de Atlântida, não pode ver Malhação.

Resistirá, o maior golfista do mundo? Um homem com tamanha fama e tamanha conta bancária é capaz de resistir às tentações? Espero que sim. Estou aqui, torcendo por sua cura, para que Tiger, finalmente, se livre do monstro do sexo e mantenha-se limpo e intocado para todo, todo, todo o sempre.

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