sexta-feira, 15 de janeiro de 2010


Jaime Cimenti

Ei, você aí, não me dá um dinheiro aí!

Na comédia Other People´s money (O dinheiro dos outros), Larry, o protagonista, um cara rico e que já acorda jogando na Bolsa, interpretado pelo endiabrado baixinho-gordinho-careca Danny DeVito, diz que o que mais adora, além da própria grana, é o dinheiro dos outros.

É aquela velha história, todo mundo gosta de dizer que os outros é que são uns pães-duros, mas no fundo a maioria é meio zura mesmo, não assumindo a sovinice e adorando tomar algum dos próximos, especialmente dos mais próximos, tipo parentes e amigos. O sovina, o Tio Patinhas, é sempre o outro. Grana é problema e solução, alegria e dor.

Quando eu advogava, lá pelo século XX, dona Hortênsia, uma cliente de quase 90 anos, com muitos parentes de olho no dinheirinho dela (ela, sorrindo, sobreviveu a vários), num dia amargo, sintetizou: “Doutor, quem tem dinheiro se incomoda porque tem; quem não tem se incomoda porque não tem.

Ao fim e ao cabo, ter uns pilas é bom para não precisar pensar demais nos pilas e os suíços, que entendem de moeda, bancos e cofres, dizem que o dinheiro é um bom empregado, mas um mau patrão.

Eles adoram que você empregue o dinheiro lá com eles e, de repente, esqueça dos depósitos por lá”. Concordo, acho que você tem de mandar no dinheiro ou até na falta dele e não o contrário. Se sua cabeça, seu coração, seu tempo e seus sonhos estão vinte e quatro horas por dia ligados nos trocos, cuidado meu, você é daqueles que, de repente, é tão pobre que só tem dinheiro.

Qualquer dúvida mande seu dinheiro para mim, que prometo administrar direitinho, cobrando pouco e tal. Brincadeirinha, não estou de olho na sua carteira, só um pouquinho... Falando sério, Carlos Drummond de Andrade, em frase que vale a pena lembrar sempre, disse que no banco tem dinheiro, mas não tem riqueza. É isso mesmo: nem sempre os cobres significam riqueza. Vil metal é uma coisa, felicidade é outra.

Os sábios e nervosos italianos dizem que dinheiro não traz felicidade, mas acalma, acalma muuuuuuuito os nervos. È vero! Riqueza mesmo é a família, o lar, os amigos, saúde, trabalho que dá prazer, paz no coração domingo à noite e aquele campeonatozinho mundial em 2010.

Tesouro mesmo são as canções do Tonny Bennett, ajudar quem precisa, distribuir uns presentes sem alarde, respirar e meditar lentamente uns quinze minutos por dia, caminhar no Parcão com os amigos e pensar que a vida é boa, apesar de umas coisas aí que não quero falar agora, nesta manhã de verão, quando não penso em créditos e débitos financeiros, mas sim em moedinhas feitas só de luz.

Uma linda sexta-feira e um gostoso fim de semana pra vc

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