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sábado, 5 de setembro de 2009
06 de setembro de 2009
N° 16086 - DAVID COIMBRA
Tundra, a Tremenda
Estava serena, distraída, comodamente instalado na minha carteira, pensando que a Silvinha bem que poderia me dar bola, quando a professora de geografia olhou para mim, justo para mim, e perguntou:
– David, o que é a tundra?
A tundra? A tundra, a tundra, a tundra. Um dia eu sabia o que era a tundra. A professora de geografia mesmo é que me havia falado a respeito da tundra, se não me enganava. A tundra... Sim, a tundra... Pertencia ao reino vegetal, disso tinha certeza.
Bem nome de planta, tundra. Bem nome de algo em que se coloca vinagre e azeite de oliva. Vegetal, portanto. Assim, eliminava os minerais e os animais, que são muitos. Bastante, mas não suficiente para tornar mais precisa a resposta, porque também tem muito vegetal por aí.
Árvores, alfaces, capins, bananas, tudo vegetal. Além do que, sempre que pensava em tundra lembrava-me de Tundro, o Tremendo, o rinoceronte dos Herculoides, que lançava bolotas explosivas pelo chifre, amigo de Glip e Glup, criaturas capazes de assumir múltiplas formas. Glip e Glup. Seriam eles animais, vegetais ou minerais? Mas estava tergiversando. Tinha de descobrir o que era a tundra, a professora aguardava com os óculos na ponta do nariz. Tentei:
– Uma planta?
– Sim, mas onde existe a tundra e como ela é?
Aí já era demais. Suspirei:
– Não lembro da tundra, professora.
Vi formar-se no rosto da professora a decepção geográfica.
No ano seguinte, a professora saiu do colégio. Entrou um professor. E não é que já na primeira aula, na primeira!, foi ele me ver e perguntar:
– David, onde é que existe tundra?
Pô! Como é que eu ia saber? Não tinha mais pensado na tundra, desde aquela aula do ano anterior. Confessei minha ignorância acerca da tundra. Ele suspirou e explicou lá onde é que dá a tundra e tudo mais.
Bom. Meses depois, houve uma competição entre as turmas. Uma gincana. Sempre fui bom em conhecimentos gerais, então estava no time da minha aula, respondendo sobre história e geografia. Saía-me muito bem, a Silvinha batia palminhas para o meu desempenho, até que um professor que fazia as vezes de apresentador do campeonato veio direto para mim e tascou:
– Em que região há tundra?
Com um milhão de fotossínteses, por que é que aquela gente gostava tanto da tundra???
Essa mania de tundra dos professores creio que me rendeu um bloqueio mental. Ainda hoje não sei nada sobre a tundra. Mas gosto de geografia. Sei que a geografia é determinante para a sorte dos homens. Nascer no antigo Congo Belga ou na Bélgica, por exemplo, pode ser o que há de fundamental no destino de um homem.
Quase tudo tem a ver com a geografia. O futebol se decide pela geografia. A goleira, que é o mais importante de um jogo de futebol, se localiza no centro do fundo do campo. Faz toda a diferença. Se a zaga pudesse passar a goleira para um canto, como um roque no xadrez, a tarefa defensiva seria facilitada.
Mas não pode, a goleira não muda de lugar. Qual a saída? Concentrar os melhores jogadores na faixa central do gramado. Tanto na defesa como no ataque, porque a goleira do adversário também se situa no centro.
É por isso que o lateral pode ser improvisado. O Grêmio tira um zagueiro de dentro da área e o coloca na lateral. Ou tira um centromédio da meia-lua para fazê-lo correr pelo lado do campo. O Avaí puxou um atacante para trás e ele funcionou como ala.
O Inter já mandou meias para a lateral, Jorge Wagner, Élder Granja, e eles deram certo. É assim que se faz lateral. Dinheiro bom é dinheiro que se gasta em centroavante, que fica no fundo, ao centro, perto da goleira. Onde tudo se decide. Onde o destino se dá. Questão de geografia.
Gre-Nal do IAPI
Neste 7 de setembro, uma tradição iapiana faz 50 anos: é o Gre-Nal de veteranos do Alim Pedro. Desta feita, Grêmio e Inter estarão se batendo pelo troféu “Caminhão”, codinome de Nilson da Cunha Unchalo, zagueiro viril da várzea porto-alegrense que, segundo o velho desportista Sérgio Kaminski, tinha “olhar de rinoceronte, caminhar de gorila e alma de passarinho”. Caminhão morreu em abril passado, donde a homenagem.
O Grêmio está invicto há cinco anos no Gre-Nal do IAPI. Os colorados reagirão? A conferir nesta segunda, a partir das 10 horas.
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