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terça-feira, 11 de agosto de 2009
ELIANE CANTANHÊDE
Sobrou para Obama
QUITO - Toda a ira e os ataques que seriam contra a Colômbia e o presidente Alvaro Uribe acabaram convergindo para cobranças contra os EUA e o presidente Barack Obama, que nem completou ainda sete meses no poder.
Foi assim a 3ª reunião de presidentes da Unasul (União das Nações Sul Americanas), ontem, em Quito, aqui no Equador.
A declaração conjunta, de 31 itens, não fez uma mísera referência à crise aberta com o uso de até sete bases colombianas por forças militares norte-americanas. Os discursos protocolares também não.
Mas Chávez, sempre ele, quebrou o protocolo, fez um discurso não previsto oficialmente e puxou uma fila de reclamações contra Washington, com uma ressalva ou outra a favor de Uribe.
De um lado, Venezuela, Equador e Bolívia. De outro, Colômbia (representado pela sub do sub) e Peru (cujo presidente não foi, porque seu avião quase caiu). Lula não queria, mas avisou que, se Chávez falasse, ele também falaria. Não deu outra.
Coube a Lula liderar a tropa do deixa-disso com a Colômbia e propor a reunião dos 12 países da Unasul com Obama para chorar as pitangas, nos EUA.
A pauta é ampla, mas neste momento centrada na crise das bases colombianas e na reativação da Quarta Frota da Marinha norte-americana para ficar passeando pelo Atlântico Sul e rodeando o pré-sal brasileiro. Sem falar no enterro da Rodada Doha de comércio, cuja morte o Brasil atribui aos EUA.
Aliás, pensando bem, a reunião de Quito teve tudo a ver com a entrevista que o chanceler Celso Amorim deu para a Folha no domingo retrasado, criticando abertamente os EUA, inclusive pelas bases e por Doha. Nada é por acaso...
O fato é que a Unasul nasceu para integrar, mas o que se vê é justamente o oposto: raras vezes, nos tempos modernos, a América do Sul esteve tão flagrantemente rachada. E usando tanto termos como "beligerância" e "guerra".
elianec@uol.com.br
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