sábado, 1 de agosto de 2009



02 de agosto de 2009
N° 16050 - DAVID COIMBRA


Um chope gelado e cremoso

Às vezes, tudo o que um homem precisa é de um bom copo de chope gelado e cremoso. Não um desses chopes desmaiados, aquosos e tristes. Falo de um chope realmente cremoso, de um dourado escuro como o das loiras da Praia Brava em fevereiro, com a espuma do colarinho com dois dedos de espessura, um copo de chope que, quando lhe é servido, você o ergue com solenidade do tampo da mesa e olha sorrindo para ele e ainda sorrindo o conduz até os lábios e fecha os olhos ao sorver o primeiro gole e sente o líquido denso escorrendo-lhe garganta abaixo e fazendo sua alma titilar e todo o seu ser se alegra e você exclama:

– Aaaaaaaah...E pergunta para o amigo: – Que tal um sanduichinho aberto?

Realmente, às vezes, tudo o que um homem precisa é de um bom copo de chope gelado e cremoso. Com os amigos junto, claro. Pode ser na Praia Brava, admirando as mulheres de pernas longas e biquínis curtos; pode ser no bar do Atílio, esperando o carreteiro de charque perfeito preparado pela Dona Tereza; pode ser no Tuim, mordiscando um bolinho de anchova; pode ser no Schulas, experimentando um sanduíche de hackepetter. Tanto faz. Mas os amigos, eles sempre têm de estar por perto.

Amigos que não fiquem ao celular, bem entendido.

O Potter e o Professor Juninho têm mania de teclar no iphone, no blackbarry ou seja lá o que for aquilo que monopoliza a atenção deles enquanto estamos no bar. Irritante. Com quem você quer conversar? Com as pessoas que estão ali, na sua frente, ao vivo, trinchando uma batatinha frita, ou com as que estão no MSN? Por favor! Então vá sair com esses seus amigos virtuais!

Não, eu não preciso estar on line o dia todo, não preciso de MSN no celular, não preciso nem de celular o tempo inteiro, não preciso me informar mais rápido do que os outros sobre tudo. Não. O twitter faz com que o planeta saiba de uma notícia em poucos minutos? E daí?

Posso muito bem passar sem novidades durante o tempo em que estou sentado à mesa de um bar com meus amigos. Não preciso de novidades a todo momento, não mesmo. O que eu preciso, muitas vezes, é apenas um bom copo de chope gelado e cremoso, sim senhor.

Até porque não sou jogador de futebol. Se fosse jogador de futebol, o que aconteceria?

Eu sentaria à mesa do bar com meus amigos e logo apareceria um gaiato com seu maldito celular e me fotografaria sorvendo um grosso gole de chope gelado e cremoso e colocaria a foto no twitter ou no orkutt ou sabe-se lá em que maldito escaninho da internet e essa foto circularia entre os malditos torcedores talibãs e os torcedores me chamariam de bêbado e os dirigentes do clube me puniriam.

Essa é a vida de um jogador de futebol. Um rapaz de vinte e poucos anos, com o bolso formigando de euros, com uma saúde de cavalo de prado, cercado de mulheres esguias e fogosas e que dançam com os bracinhos levantados, mas que não pode sentar a uma mesa de bar e pedir um copo de chope gelado e cremoso. Eu posso. Que bom que não sou jogador de futebol.

O pé de Phelps

Preste atenção a um detalhe de Phelps nessa foto: observe o pé dele. Phelps tem um pé tamanho 48. Uma pá de coveiro. Mas isso não é tudo. O importante é que o pé de Phelps tem uma inclinação de 15 centímetros para trás, como se vê na cena.

Quinze centímetros! Cada movimento do pé de Phelps na água equivale a uma rabanada de nadadeira. É como se ele nadasse com pés-de-pato! Não admira que seja imbatível. A Natureza só não deu guelras a Phelps. De resto, fez de tudo para que ele fosse, como é, um ser anfíbio.

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