terça-feira, 1 de março de 2022


01 DE MARÇO DE 2022
OPINIÃO DA RBS

BASTA DE VIOLÊNCIA NO FUTEBOL

O lamentável ataque ao ônibus do Grêmio que deixou jogadores tricolores feridos deve servir para uma profunda reflexão sobre as causas da violência no futebol e em relação a medidas para dar um basta às agressividades. O ponto de partida para que se comece a encontrar e implementar soluções é evitar que clubismos contaminem a discussão. Dessa vez a agressão partiu de torcedores colorados contra atletas gremistas. Mas também não são raros episódios de hostilidades de aficionados direcionadas a desportistas dos próprios times. Conflitos entre torcidas rivais, como também ocorreu no sábado, são infelizmente até corriqueiros.

O fato é que a história do Gre-Nal foi manchada de forma inédita. Pela primeira vez em mais de 110 anos de jogos entre Grêmio e Inter, um clássico deixou de ser realizado por violência de torcedores contra jogadores.

Autoridades da área de segurança, dirigentes da Federação Gaúcha de Futebol e dos clubes têm, agora, o dever de debater formas de evitar que acontecimentos do gênero se repitam. Será preciso aperfeiçoar a escolta da delegação do time visitante. O policiamento no entorno dos estádios e nos pontos onde torcedores rivais podem se encontrar durante deslocamentos também merece ser reanalisado. Aos clubes, cabe empenho para indivíduos agressivos serem identificados e punidos, inclusive com banimento das praças esportivas e expulsão de seus quadros sociais. Sanções previstas na legislação também parecem ser demasiadamente brandas. Muitas vezes sequer são cumpridas. Se for necessário, as leis devem ser revisadas para que as condenações se tornem verdadeiramente pedagógicas, inibindo atitudes selvagens. Os próprios clubes, muitas vezes, são prejudicados pelo comportamento tresloucado de seus fãs, como aconteceu com o Grêmio, no ano passado, que perdeu mandos de campo após vândalos pularem das arquibancadas para destruir a cabine do VAR.

Ocorrências deploráveis, infelizmente, não faltaram nos últimos dias no futebol brasileiro. O goleiro do Bahia Danilo Fernandes ficou ferido após torcedores do clube jogarem artefatos explosivos contra o ônibus do time. No fim de semana, atletas do Paraná Clube foram agredidos após invasão de campo. Em Caxias do Sul, houve uma detenção por racismo.

No caso de sábado na Capital, dois suspeitos foram localizados com a ajuda do Inter e levados para a delegacia, mas depois liberados por falta de provas de seu envolvimento. Espera-se que as investigações avancem até a identificação dos celerados que atiraram pedras e uma barra de ferro no veículo. O meio-campista Villasanti sofreu traumatismo craniano e concussão cerebral. Os responsáveis tendem a ser indiciados por tentativa de homicídio. Essas pessoas e outras que se envolvem em episódios de violência, aliás, sequer devem ser chamadas de torcedores. São, em primeiro lugar, delinquentes. Assim, devem ser afastadas do ambiente do futebol, pelo bem do esporte e dos verdadeiros apaixonados pelas cores de seus clubes.

Aventa-se, agora, até a possibilidade de o Gre-Nal remarcado ser realizado sem os fãs do time visitante. Sem entrar no mérito da conveniência desta decisão neste momento, significaria uma derrota da civilidade. Ainda mais para um clássico que chegou a ser celebrado como exemplo mundial pela criação do espaço para a torcida mista. Torcer não deve ser sinônimo de ódio ao adversário. O esporte foi criado para disputas sadias e o congraçamento.

OPINIÃO DA RBS

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