05 DE SETEMBRO DE 2020
BRUNA LOMBARDI
COMO É SUA METADE DO COPO?
Você é uma pessoa meio copo vazio ou meio copo cheio? Não, não estou falando de bebida porque essa, cada vez que a gente olha, parece que copo esvaziou de repente.
Falo daquela velha ideia de como estamos olhando a vida. Na perspectiva da escassez ou da abundância?
Sabemos que oscila, às vezes parece que tudo falta e outras vezes, que as coisas estão jorrando em excesso, mas existe um jeito nosso, uma tendência que sempre pende para um lado da balança.
Você pode estar no meio da caminhada ou no meio do isolamento, olhar o quanto ainda falta e ficar exausto e desanimado ou celebrar que conseguiu chegar até aqui.
Ariano Suassuna dizia que o otimista é um tolo, o pessimista um chato e o bom é ser um realista com esperança. Eu tinha um professor que dizia que preferia pensar com pessimismo para poder ter uma surpresa boa no final.
No fundo, acho que a gente quer ser otimista, mas o medo nos previne e, sem perceber, a gente se prepara para o pior. Precisamos inventar estímulos e parar de sofrer de expectativas.
A nossa força de vontade vem do estímulo, a gente faz as coisas porque precisa e também porque acredita que vai conseguir superar. Tem uma faísca que brilha na esperança de tudo dar certo, mesmo contra todos os obstáculos. E é para essa faísca que precisamos olhar.
Tive a chance de conhecer, já quase com quase seus 90 anos e ainda se apresentando no palco, o excêntrico escritor ingles Quentin Crisp. Ele começava seu monólogo com uma original mensagem que definia como otimista. Ele dizia: "Moro num pequeno apartamento há 30 anos e nunca tirei o pó dos móveis. E afirmo que, depois dos primeiros dois anos, a poeira não fica pior".
A coisa é assim, se a gente consegue segurar no começo, na correnteza das grandes ondas, depois que a gente conseguir passar a rebentação tudo fica mais fácil.
A coisa é simples. Tem gente que olha para o que tem e agradece. E tem aqueles que, mesmo tendo bastante, só conseguem olhar para aquilo que acham que está faltando. Reclamam sem parar do que não têm, mesmo tendo muito mais do que a grande maioria.
E continuam inconformados porque querem mais e nada parece suficiente.
Essa é a raiz da ansiedade, da frustração, do ressentimento. De todas as barreiras que vão nos impedir de sermos felizes, de conseguir enxergar a mesma exata metade do copo como cheia.
A parte que a gente pensa que falta, na verdade, é fruto de expectativas, do que a gente acha que precisa ter. E é a nossa atitude que vai escrever e transformar a nossa história.
Esse é o momento de olhar além de nós mesmos. Olhar o mundo em volta e compreender que a maioria nem copo tem.
Quando se aprende a mudar o olhar, muda a nossa perspectiva e a gente pode ver a metade cheia com um sentimento de gratidão. Essa pequena diferença nos faz alcançar um estado interior de paz. E de solidariedade com todos que nos cercam.
Temos que saber aceitar o que a vida traz e agradecer por ter chegado até aqui.
Aprender a olhar amorosamente o que somos, o que temos e para quem segue com a gente nessa nossa jornada.
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