terça-feira, 17 de outubro de 2023


17 DE OUTUBRO DE 2023
OPINIÃO DA RBS

UM ITEM VITAL

É alarmante a constatação de que nos últimos cinco anos cresceu de forma significativa a quantidade de multas aplicadas no Rio Grande do Sul por descumprimento do uso obrigatório do cinto de segurança por motoristas e passageiros. De janeiro a julho deste ano, foram 100,9 mil flagrantes punidos, conforme dados do Departamento Estadual de Trânsito (Detran). Trata-se de um aumento de 21% em relação a igual período de 2022 e de 88% ante o mesmo intervalo de 2018, ano com o menor número de penalizações desde 2010. As estatísticas apontam que 2019 marca a inversão da tendência.

Autoridades e especialistas no tema devem se debruçar sobre os números e demais informações qualitativas para compreender quais seriam as razões para o aumento da imprudência e atuar para reverter esse comportamento. Apertar a fiscalização sempre é uma medida imediata que pode apresentar resultados. Afinal, deve-se acreditar que o motorista flagrado, ao sentir no bolso a consequência da infração e receber a sanção dos pontos na Carteira Nacional de Habilitação (CNH), tende a não repetir o desleixo. Mas a educação e a conscientização são as melhores alternativas para se obter uma mudança consistente de postura.

O uso do cinto de segurança pode ser a diferença entre a vida e a morte em um acidente de trânsito. Não há argumento mais convincente para a importância de utilizar o dispositivo, tanto nos bancos da frente quanto no de trás. É um item vital. 

Todos os estudos sobre o assunto comprovam, mesmo com algumas diferenças nos resultados. Reportagem de Marcelo Gonzatto na edição de ontem de Zero Hora cita que, em relatório divulgado no ano passado, a Organização Mundial da Saúde (OMS) aponta que a adoção do cinto reduz em até 50% as probabilidades de ferimentos mortais em quem ocupa os bancos dianteiros. No traseiro, em até 25%. Mas outras pesquisas indicam probabilidade superior a 40%. Deve-se lembrar ainda que acidentes de trânsito, mesmo quando não são fatais, podem deixar sequelas duradouras e incapacitantes.

O ano de 2023 marca meio século desde que a Organização Mundial de Saúde (OMS), vinculada à Organização das Nações Unidas (ONU), publicou as primeiras regulações relacionadas ao cinto de segurança como forma de incentivar países a adotarem legislações acerca do tema. Desde então, mais de uma centena de nações criaram legislações sobre obrigatoriedade do uso do cinto. 

No Brasil, a compulsoriedade data de 1997, quando foi sancionada a lei do Código de Trânsito Brasileiro (CTB). Com as novas normas, os motoristas e passageiros passaram fazer o uso mais frequente, acostumando-se a utilizar o item. Transformou-se em um gesto natural ao ingressar no veículo.

Publicada em 2021, com dados de 2019, a Pesquisa Nacional de Saúde, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mostrou que 79,7% dos entrevistados afirmaram usar sempre o cinto no banco da frente, como motorista ou carona. No traseiro, o percentual caía para 54,6%. É uma informação que vai ao encontro da percepção do Detran gaúcho, que lançou campanha exatamente para alertar sobre a importância da utilização do item pelos passageiros da parte de trás dos veículos. O uso do cinto de segurança como um hábito do cotidiano é um avanço civilizatório que não pode retroceder.

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