sábado, 21 de outubro de 2023



21 DE OUTUBRO DE 2023
TANGO ATRAVESSADO

Argentina na encruzilhada (de novo)

Nação realiza eleições do primeiro turno no domingo. Candidatos se digladiam em meio a cenário de inflação e pobreza 

Os argentinos vão às urnas nas eleições gerais deste domingo para decidir o futuro do país acuados por uma das piores crises de sua história. A encruzilhada dos eleitores à beira da hiperinflação apresenta cinco caminhos, cada qual com seus riscos e desafios, internos e externos.

Três candidatos despontam nas preferências do eleitorado. O favoritismo está com o primeiro colocado nas prévias realizadas em agosto, com 29,86% dos votos. Trata-se de Javier Milei, deputado e economista liberal de extrema-direita que se autodefine como "anarcocapitalista".

Seus principais adversários são o atual ministro da Fazenda e representante do peronismo, Sergio Massa, que obteve 27,27% dos votos em agosto, mas carrega o peso da recente deterioração econômica, e Patricia Bullrich, ex-ministra da Segurança de Mauricio Macri (2015 a 2019), de linha mais conservadora, que obteve 28%. Ela traz na bagagem a herança macrista: o ex-presidente que assinou acordo com o Fundo Monetário Internacional (FMI) depois do aprofundamento da crise.

Por fora, correm o governador reeleito de Córdoba e ex-ministro de Carlos Menem na década de 1990, Juan Schiaretti, do Partido Justicialista, e a candidata da Frente de Izquierda y de Trabajadores - Unidad, Myriam Bregman. Ambos alcançaram menos de 10% dos votos nas prévias em agosto.

Desequilíbrio fiscal

Ao depositarem o voto, os argentinos terão de avaliar, dentre outras urgências, as propostas para frear a inflação que já supera os 138% no acumulado do ano - o patamar mais elevado em três décadas - e aumentar a qualidade dos empregos, em mercado de trabalho com quase 60% das vagas atuais na informalidade. Em meio a esse cenário, o peso, a moeda oficial, não para de perder poder de compra.

A conjuntura econômica no país vizinho é fruto de 18 crises nos últimos 60 anos, explica o economista João Pedro Maffesoli. Em comum, acrescenta, esses episódios têm no desequilíbrio fiscal (mais gastos do receitas) seu fator gerador.

RAFAEL VIGNA

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