sábado, 14 de outubro de 2023


ACESSOS PARA O DESENVOLVIMENTO

O governador Eduardo Leite anunciou na véspera do feriado que o Executivo investirá R$ 540 milhões na construção de acessos asfálticos e na recuperação de rodovias estaduais danificadas pelas enchentes das últimas semanas. Parte dos recursos provém da venda da Corsan, dinheiro que está no caixa único do Estado e que não pode ser usado em despesas de custeio. O investimento é oportuno e urgente no momento em que várias comunidades gaúchas se recuperam das recentes turbulências climáticas. Garantir condições de trafegabilidade e acesso aos municípios atingidos pelas cheias é quase uma questão de sobrevivência para suas populações.

Além disso, com a ampliação das obras, o Estado começa a resgatar uma dívida com cidadãos que engolem poeira e atolam os pés no barro há várias décadas, enquanto aguardam o cumprimento de sucessivas promessas feitas por candidatos e governantes. De acordo com reportagem publicada no início do ano neste jornal, remonta ao governo Antônio Britto (1995-1998) o plano de pavimentação do acesso a todos os municípios rio-grandenses. Na época, chegou a ser feita uma licitação coletiva, mas os recursos escassearam e nem mesmo as obras iniciadas puderam ser concluídas.

Num país extremamente dependente do modal rodoviário, a inexistência de estrutura viária adequada provoca prejuízos para a economia, desgaste em veículos públicos e particulares, desconforto no transporte de pessoas e desestímulo para investimentos nos municípios. Com tal retrospecto, resta esperar que o anúncio governamental desta semana tenha consequências práticas mensuráveis, que devem envolver não apenas o trabalho de construção e reparos dos trechos escolhidos, mas também a fiscalização por parte das prefeituras e comunidades para que as obras sejam finalizadas nos prazos estipulados.

Acesso asfáltico adequado não é privilégio para proprietários de veículos. É, ao mesmo tempo, patrimônio público essencial e direito dos cidadãos ao desenvolvimento. Em janeiro deste ano, 47 municípios gaúchos estavam identificados pelo Daer como carentes de pavimentação. Representavam um contingente de 145 mil gaúchos que pagam mais caro pelos produtos que consomem e vendem mais barato o que produzem por conta do encarecimento do transporte em estradas ruins. Em julho, com a conclusão do acesso a Ponte Preta, o número caiu para 46, ainda com 18 obras em andamento.

Agora, com o novo aporte de recursos no Plano de Investimento em Rodovias, o governo pretende executar 36 projetos de acessos municiais nas nove regiões funcionais do Estado, além de acelerar 30 ligações regionais e 168 obras de conservação ou recuperação. A liberação de recursos extraordinários, segundo o governador Eduardo Leite, contemplará obras que podem ter seus cronogramas acelerados para que sejam entregues antes do prazo previsto inicialmente. No Ranking de Competitividade dos Estados, o Rio Grande do Sul evoluiu da 16ª posição no quesito Qualidade das Estradas em 2022 para a sétima posição no relatório deste ano. Pelos cálculos do governo, além do impacto direto na economia das regiões beneficiadas, a intensificação das obras asfálticas deverá gerar 5 mil empregos diretos e outros 20 mil como consequências das melhorias nas estradas. Investimentos em asfalto sempre trazem boas consequências. 

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