segunda-feira, 9 de outubro de 2023


CAPA

Personagem para chamar de seu

Jornalista Ticiano Osório lança hoje ?O Morcego e a Luz ? 80 Anos de Batman no Cinema?, sobre o Homem-Morcego nas telas

Poucos heróis geram tanta comoção após anúncio de novo filme quanto Batman. Quando Michael Keaton foi escolhido para viver o personagem, nos anos 1980, a Warner Bros. recebeu pilhas de cartas protestando. Corta para 2019 e outra rebelião, desta vez nas redes sociais, quando Robert Pattinson foi escalado para vestir o manto. Isto reflete a idolatria que o HomemMorcego tem junto ao público, que não quer ver o Cavaleiro das Trevas sendo mal representado nas telonas, apesar de frequentemente errarem nas reclamações.

- O Batman tem um superpoder, que é a "bilionaridade", mas, fora isso, ele não foi picado por aranha radioativa, não é um mutante, não é um extraterrestre que caiu na Terra. Ele é só um cara que teve tempo e condições para treinar o corpo e a mente para combater o crime. Existe, então, a fantasia de que qualquer um poderia ser o Batman. E essa identificação faz com que as pessoas se sintam mais donas do personagem - explica Ticiano Osório, colunista de cinema do Grupo RBS.

Também batmaníaco, mas não dos que protestam pelas escolhas de elenco, Ticiano já se fantasiava como o herói na infância e mergulhava nos gibis. Com o passar dos anos, a admiração pelo personagem foi sendo alimentada pelos filmes e acabou se transformando em livro, O Morcego e a Luz - 80 Anos de Batman no Cinema (editora BesouroBox). Na obra, o jornalista traça uma retrospectiva sobre o Homem-Morcego desde a sua primeira aparição nas telas, em 1943, até agora:

- Os textos mostram a visão que cada diretor imprimiu, recuperam o contexto da época de produção desses filmes, apontam desafios, conquistas e tropeços. A história do Batman no cinema ilustra muito bem como o personagem é extremamente vivo e complexo.

A ideia da publicação se deu enquanto o autor preparava um curso, As Várias Faces do Morcego, ministrado em junho último. A partir do material, percebeu que o Batman estava completando oito décadas desde a sua primeira projeção com uma cinessérie. Desde então, 14 diretores comandaram as aventuras e 11 atores o interpretaram - incluindo dubladores.

O Cruzado Encapuzado é um dos heróis mais adaptados para o cinema e, neste ano, ganhou vida em The Flash, tendo o semi- protagonismo de Michael Keaton. O filme foi um fracasso, mas serviu para os fãs terem este encontro.

Luz

Segundo Ticiano, o Batman sempre esteve ligado ao cinema, com inspiração em filmes como The Bat Whispers (1930) e A Marca do Zorro (1920). Já o Coringa bebe na fonte de O Homem que Ri (1928), obra oriunda do Expressionismo Alemão - movimento que guiou os artistas que trabalharam com o Homem-Morcego nos quadrinhos.

A atração do herói pela tela grande foi quase imediata, tanto que, quatro anos depois de Bob Kane e Bill Finger terem criado o Homem-Morcego nos gibis, veio a cinessérie que, hoje, Ticiano conta que serve como material arqueológico, uma vez que não funciona tão bem. No cinema, as melhores entregas para o jornalista vieram de Batman: O Cavaleiro das Trevas (2008), que teve o melhor dos vilões - o Coringa de Heath Leadger -, de Batman (2022), com o melhor protagonista - Robert Pattinson - e LEGO Batman (2017), o melhor filme, mesclando a sátira com a desconstrução do herói.

O livro de Ticiano conta com 70% de textos inéditos e 30% de revisitas a colunas publicadas em ZH - a sua primeira crítica sobre um filme do herói foi em Batman e Robin (1997), longa que ele desgosta e que afundou o HomemMorcego nos cinemas por anos. Entretanto, a produção seguinte trouxe uma luminosa redenção:

- A minha realização com o Batman no cinema veio com o Batman Begins, em 2005, quando Christopher Nolan deu início à sua trilogia. E o mais legal é que tive o prazer de escrever sobre a estreia do filme no Segundo Caderno.

A sessão de autógrafos de O Morcego e a Luz - 80 Anos de Batman no Cinema ocorre hoje, a partir das 19h, no cinema GNC do Shopping Iguatemi (Avenida João Wallig, 1.800), na Capital. Um outro encontro com o autor ocorrerá em 12 de novembro, na Feira do Livro de Porto Alegre. Nas duas ocasiões, haverá exemplares da obra para venda.

CARLOS REDEL

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