13 DE OUTUBRO DE 2023
OPINIÃO DA RBS
VOLTANDO EM PAZ
Age com eficiência e sensibilidade o governo brasileiro ao estabelecer uma verdadeira ponte aérea entre o Oriente Médio e o Brasil para resgatar patrícios surpreendidos pela guerra. A Operação Voltando em Paz, empreendida conjuntamente pelo Itamaraty e pela Força Aérea Brasileira, sob o comando do Ministério da Defesa, está repatriando com a urgência necessária os brasileiros que desejam deixar a região conflagrada, garantindo-lhes retorno seguro e alívio para suas famílias.
Ao mesmo tempo que a FAB coloca aeronaves e tripulações à disposição das pessoas que querem sair de Israel, é imprescindível que o governo e a representação diplomática do país empreendam esforços não apenas para negociar a proteção e a retirada dos brasileiros retidos na Faixa de Gaza, mas também para que o Hamas liberte todos os civis capturados. Até mesmo porque até agora ninguém sabe ao certo se realmente há brasileiros entre os reféns sequestrados, como chegaram a informar autoridades militares israelenses.
Independentemente da condição em que se encontram e até mesmo de suas nacionalidades, tanto os prisioneiros quanto os demais não combatentes precisam ser preservados dos riscos impostos pelo conflito. Neste contexto, o apelo feito pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva para que a escola em que se abrigaram refugiados brasileiros em Gaza seja poupada nos bombardeios, somado a sua manifestação anterior conclamando o Hamas a libertar crianças sequestradas, pode ser interpretado como um posicionamento de repúdio ao terrorismo e ao belicismo.
Mas essa posição deve ser clara e inequívoca, principalmente no momento em que o Brasil, país de reconhecida índole pacífica, exerce temporariamente a presidência do Conselho de Segurança da ONU. A reunião extraordinária convocada para esta sexta-feira, já com a anuência das cinco potências permanentes do órgão, pode ser uma oportunidade histórica para o protagonismo brasileiro, especialmente se apontar saídas efetivas para a crise humanitária em Gaza e para a libertação dos reféns.
Diante dos riscos de escalada da guerra, nada parece mais urgente, na visão nacional, do que a retirada de todos os brasileiros que quiserem sair da região conflagrada. Mas também é necessário que os governantes, os políticos e os representantes diplomáticos do nosso país continuem se posicionando com absoluta transparência pela pacificação e pela neutralidade, deixando de lado visões ideológicas que relativizem a violência de qualquer lado.
É tranquilizador constatar que o governo federal age com celeridade para repatriar os seus cidadãos, mas não basta que os brasileiros voltem para casa em paz. Nosso país precisa continuar contribuindo, por posições e ações, para que a paz também volte à casa da humanidade neste momento em que um quarto da população global vive ameaçada por conflitos armados - o maior contingente de pessoas desde a Segunda Guerra Mundial, segundo levantamento realizado este ano pela própria ONU, que foi criada exatamente com a missão de zelar pela harmonia entre os povos.
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