quarta-feira, 11 de outubro de 2023


11 DE OUTUBRO DE 2023
OPINIÃO DA RBS

A DEFINIÇÃO CORRETA

Mesmo que existam diferentes definições sobre terrorismo, há atos típicos comuns a todas as descrições. Assassinatos indiscriminados contra inocentes civis, o uso de explosivos para disseminar o horror e matar e sequestrar são apenas alguns deles. Grupos terroristas, conclui-se, são aqueles que lançam mão da barbárie e da violência extremada, sem medir qualquer consequência, para alcançar seus propósitos. Em seus cálculos perversos, o sucesso será proporcional à extensão do morticínio.

Essas foram as ações empregadas pelo grupo palestino Hamas, ao desencadear no sábado a maior ofensiva já sofrida por Israel: ataques com foguetes, execuções a sangue-frio de não combatentes desarmados e pessoas sendo feitas reféns. Centenas de indefesos, entre eles mulheres, idosos e crianças, foram fulminados por obra do ódio.

Diante de tamanho rol de atrocidades, não há mais como recorrer a meias-palavras e tergiversações. O Hamas deve passar a ser classificado como uma organização terrorista e, com isso, também sofrer as consequências de seus crimes. União Europeia e países como Estados Unidos, Canadá, Austrália e Japão, entre outros, assim definem o grupo que controla a Faixa de Gaza, de onde partiu para atacar o Estado de Israel. O Brasil não considera o Hamas uma facção terrorista. Deve-se à tradição de seguir a categorização restabelecida pela Organização das Nações Unidas (ONU).

Como não há forma de negar os fatos, é natural que parta da própria sociedade brasileira a pressão para que o país reveja essa posição. O Estado brasileiro, afinal, é resultado da coletividade nacional, em sua esmagadora maioria horrorizada com os acontecimentos do fim de semana. E o Estado brasileiro é perene, enquanto governos, com suas visões próprias de mundo e relações de seus membros, são passageiros. Mesmo a ONU fatalmente terá de se reposicionar.

A selvageria tirou a vida de ao menos dois brasileiros. Um deles é o gaúcho Ranani Nidejelski Glazer, 23 anos. A outra vítima é a carioca Bruna Valeanu, 24 anos. Também em respeito à memoria desses dois jovens, além das outras centenas de pessoas que sucumbiram em rajadas e explosões covardes, espera-se que o governo brasileiro pondere a posição atual sobre o Hamas. A reprovação ao terrorismo deve ser dura e direta, assim como foi no episódio do ataque ao World Trade Center, nos EUA, em 2001, quando o mundo democrático não hesitou em condenar a ação da Al-Qaeda e dar o nome correto ao crime cometido.

É preciso reforçar novamente que Hamas e palestinos não são sinônimos. O Hamas é um grupo palestino, mas representa somente uma minoria violenta, que tem em seu estatuto a diretriz de destruir o Estado de Israel. A causa palestina, de ter um território próprio e autônomo, é justa e tem de ser defendida. O Hamas prejudica o anseio da ampla maioria dessa população. Ademais, usa os próprios habitantes da Faixa de Gaza - também crianças, mulheres e idosos indefesos - como escudo. Ao atacar, sabia que Israel revidaria. A tragédia humanitária da morte de mais palestinos inocentes também entrou nos cálculos perversos dos terroristas.

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