17 DE OUTUBRO DE 2023
CARPINEJAR
Tite é o técnico brasileiro mais bem pago no país
Ele merece.
Adenor Leonardo Bacchi é o técnico brasileiro mais bem pago da atualidade. No futebol nacional, está apenas atrás do português Abel Ferreira, do Palmeiras, que tem o respaldo da poderosa Crefisa.
Para comandar o Flamengo, o caxiense Tite deve receber 4,5 milhões de euros (R$ 24,4 mi) por ano junto de sua comissão técnica. Levando em conta o 13º, o salário do grupo gira em torno de R$ 1,8 milhão ao mês.
Ninguém do bairro Nossa Senhora de Lourdes imaginaria que o menino Ade, filho da costureira Dona Ivone e do boleiro Agenor - camisa 5 do Juvenil de São Braz -, iria tão longe. Aquela criança não tinha nem bola de verdade, jogava futebol com uma circunferência improvisada de meia nos arredores do número 202 da Rua Sinimbu.
Tite não deve ser estigmatizado pelas desclassificações brasileiras nas duas Copas do Mundo. Foram derrotas no detalhe, foram eliminações na distração, foram prejuízos de tradicional apagão que assola a Seleção nos momentos de mata-mata. Se antes sofríamos do complexo de vira-lata, hoje penamos com a síndrome de pedigree. O favoritismo da camisa amarela nos leva a descuidos fatais, subestimando a reação dos adversários.
Nenhum timoneiro canarinho teve e terá o seu retrospecto. Em 81 jogos, acumulou apenas seis derrotas, com 60 vitórias e 15 empates, atingindo acachapantes 80% de aproveitamento. Como só valorizamos quem ganha a Copa do Mundo (Telê foi uma das vítimas dessa maldição), não percebemos o quanto ele é um exemplo de sucesso, um estrategista do campo, um pensador do vestiário.
Foi o primeiro técnico a ser campeão da Copa América, da Copa Libertadores da América e da Copa Sul-Americana. É um dos quatro raros nomes da casamata que venceram Libertadores, Campeonato Brasileiro e Copa do Brasil (tríplice coroa clássica), sendo o único do conjunto que também venceu o Mundial de Clubes.
Time azarão ou time favorito, levou tanto um como outro para as suas glórias máximas. Ganhou o Gauchão pelo Caxias, em 2000. Conseguiu a proeza de se dar bem na dupla Gre-Nal, com Copa do Brasil pelo Grêmio, em 2001, e Copa Sul-Americana pelo Inter, em 2008 - até hoje, sua formação colorada (Lauro; Bolívar, Índio, Álvaro e Marcão; Edinho, Magrão, Guiñazu e D?Alessandro; Alex e Nilmar), de toque rápido e preciso, é uma das mais bonitas coreografias dos últimos tempos do Beira-Rio.
É dele o último título mundial de um clube nacional, com Corinthians, em 2012. Depois disso, nunca mais atingimos o topo, e já se passou mais de uma década. Eu não tenho dúvidas de que ele vai brilhar no Flamengo e curar a Gávea da saudade de Jorge Jesus. Se pôs Guerrero a mostrar serviço no Timão, encontrará um jeito de conciliar Pedro e Gabigol.
Ao lado de Dorival, é um dos melhores mobilizadores táticos em atividade no país. Metódico, disciplinador, com o discurso escorreito de padre na tribuna, será a pedra no sapato do Botafogo no Brasileirão. Sou fã desse gringo, pena que terei de secá-lo daqui por diante. Faço a minha torcida contrária com pesar.
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