21 DE OUTUBRO DE 2023
OPINIÃO DA RBS
BENEMERÊNCIA E CREDIBILIDADE
Merece entusiástico reconhecimento a fórmula que uniu benemerência e uma instituição de credibilidade para viabilizar o Hospital Nora Teixeira, oficialmente inaugurado na quinta-feira, na Capital. O empreendimento foi construído com um investimento de R$ 284 milhões, mas talvez o grande mérito venha do fato de que cerca de R$ 230 milhões foram arrecadados por doações.
A mobilização, como se sabe, foi puxada pelo casal de empresários Nora Teixeira e Alexandre Grendene, que contribuiu com R$ 80 milhões. Não satisfeita, Nora permaneceu a empenhar-se pessoalmente para angariar o apoio financeiro junto a outras famílias bem-sucedidas e a empresas com atuação no Estado. Nada mais justo, portanto, que fosse homenageada, emprestando o seu nome ao hospital que passa a fazer parte do Complexo Santa Casa, entidade agora com 220 anos de história.
É ainda mais animador saber que o modelo continuará a ser adotado em benefício da saúde da comunidade. Na quinta-feira, o casal anunciou que vai repassar mais R$ 36 milhões para o projeto de reforma de oito andares do Hospital Dom Vicente Scherer. A revitalização e a modernização estão orçadas em R$ 60 milhões e Nora se comprometeu a seguir atuando para captar as doações que faltam para completar o orçamento. Também parte da Santa Casa, o Dom Vicente Scherer é referência nacional em transplantes de órgãos e tecidos, atendendo pacientes não só gaúchos, mas de todo o país.
Por certo novos benfeitores se somarão para ajudar no empreendimento. Colabora para angariar apoio a reconhecida seriedade da gestão da Santa Casa ao longo de sua trajetória. Não faltam, no Rio Grande do Sul, empresários, famílias e companhias com meios financeiros e disposição para contribuir com causas sociais ou culturais. Mas essa disposição não basta. A contrapartida é a existência de projetos robustos e bem estruturados, geridos por instituições com credibilidade, que prestem contas com transparência e façam os objetivos propostos serem atingidos. É preciso ter certeza de que os recursos serão bem empregados. Espera-se, assim, que a experiência exitosa da Santa Casa inspire novas iniciativas pelo Estado.
Filantrópica, a Santa Casa é privada, mas sem fins lucrativos. Atende pelo Sistema Único de Saúde (SUS), por convênios e pacientes particulares. Mas a maior parte dos serviços é pelo SUS, deficitário devido às tabelas que não cobrem os custos cada vez mais altos da saúde.
Deriva dessa realidade uma grande engenhosidade. Embora a âncora da nova unidade seja uma emergência de alta complexidade 100% SUS, o restante do hospital - que também teve repasses do Estado, da prefeitura e do Fundo do Idoso - recebe em seus 15 andares, com várias especialidades, pacientes particulares e de convênios. Assim, gera caixa para compensar parte do desequilíbrio do sistema universal, utilizado pela grande maioria da população. A generosidade, como tem de ser, se transforma em acolhimento para os mais carentes.
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