20 de janeiro de 2017 | N° 18747
ARTIGO | CLÁUDIO BRITO*
ESSENCIALMENTE JUIZ
Quando saiu da Faculdade de Direito, Teori Zavascki mostrou a que vinha. Sabia muito e não se contentaria com a graduação. Seu doutorado em Processo Civil tem a vertente dos textos acadêmicos e a força que só o exercício profissional oferece. Trabalhou no Jurídico do Banco Meridional e desenhou o destino pretendido. Haveria de ser juiz. Antes, uma passagem pelo Banco Central. O perfil de magistrado sempre foi sua característica. Judicioso em sua interpretação do Direito, nascera para julgar. Sua carreira confirmou.
Ser discreto sem ser carrancudo, ser afável sem ser expansivo, estudioso e organizado ao extremo. São marcas que Teori trazia de família, pois também faziam parte do jeito de ser de Olyr, seu irmão e nosso companheiro em Zero Hora.
As etapas vividas por Teori no Tribunal Regional Federal da 4ª Região, no TRE e no STJ foram marcantes pela correção de seu agir e dedicação extrema à ideia de construir e realizar o que se exige de quem presta jurisdição. É reconfortante ouvir alguém dizer que “o Teori só fala dos processos lá nos autos...” É o que se espera de um verdadeiro julgador, responsável pela entrega do Direito a quem o detenha ou deva deter.
Em raros momentos extravasava suas emoções, a não ser quando o Grêmio estivesse em hora decisiva. Alguns de seus melhores amigos eram também torcedores gremistas, como é o caso de Paulo Odone Ribeiro, que foi seu colega no banco, quando jovens, iniciando a advocacia.
Isenção e técnica, conhecimento das leis, a interpretação mais atualizada e o denodo com que se dedicou à condução dos processos deram segurança jurídica a quem submeteu a Teori alguma pretensão. Processualista muito lúcido, Teori foi importante ao Direito brasileiro, fazendo-o vivo a partir de suas decisões. Falo de toda a trajetória de honradez e dignidade, não apenas de agora, quando o Brasil acompanhava cada frase das manifestações de um dos mais lúcidos ministros que o Supremo já teve em seu quadro. Quando lembrarmos Teori, bastará dizer que foi um juiz de verdade. Isso bastará, pois estaremos falando de sua personalidade, de seu talento e de sua essência. Teori Zavascki, um magistrado.
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