segunda-feira, 2 de janeiro de 2017



02 de janeiro de 2017 | N° 18730 
CÍNTIA MOSCOVICH

O CASO DO CELULAR


Era sábado de noite, e estávamos ainda à mesa, naquela conversa boba e divertida que sucede as boas refeições. Foi daí que um dos amigos perguntou o que era, afinal, uma “boa pessoa”.

A Roberta falou que “boas pessoas” éramos nós, que pagamos nossas contas, amamos nossas famílias e não dirigimos quando bebemos. Todo mundo aprovou, mas o Paulo disse que quitar dívidas, amar a família e não dirigir embriagado era o mínimo da decência:

– Até o Eduardo Cunha faz isso. E não é exatamente uma boa pessoa.

A Maninha falou que aquele papo era podre de moralista e que estava ficando com sono. A Iara palpitou que “boa pessoa” era aquela que ajudava os abandonados e carentes. O Sô e a Lígia fizeram com a cabeça que até concordavam com a platitude. O Flávio foi até a geladeira pegar mais uma cerveja e disse que neste país se rouba tanto que nem sobra dinheiro para ajudar os outros.

Política – a partir daí, o assunto passou a ser a louca barafunda nacional. Só cessamos a discussão quando a cerveja acabou. Já quase amanhecia.

Corta para terça à tarde. Quando cheguei na academia de ginástica (não riam), me dei conta de que estava sem meu celular. Procura aqui, ali, revira tudo, chama o próprio número: nada. Fui consultar aquele aplicativo que localiza o celular via GPS – foi quando recebemos um recado da Silvana e do Renato: o telefone tinha sido encontrado por um cirurgião plástico amigo deles.

Resumo da ópera: o médico encontrou o celular caído no chão (não sei como ele caiu), se atrasou para uma planejada ida à praia procurando pelo dono do aparelho, descobriu por acaso meu nome e, pelas redes sociais, amigos em comum. Pediu a esses amigos que me avisassem que o celular estava com seu pai, também cirurgião plástico, e seguiu tranquilo como um justo para o mar.

Eu não coube em mim de contente por causa do celular e por conhecer duas boas pessoas, o filho e o pai. Obrigada, Renato e Silvana, por reafirmarem nossos vínculos. Encantada em conhecê-los e obrigada, doutores Guilherme Fritsch-Nunes e dr. Gerson Petrillo Nunes. Feliz ano novo.

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