sexta-feira, 27 de janeiro de 2017


Jaime Cimenti

Capítulo inédito da História 



Octavio, O civil dos 18 do Forte de Copacabana (Editora Quatro Projetos, 144 páginas, www.quattroprojetos.com.br), de Afonso Licks, advogado, jornalista de rádio, jornal, TV, agência de notícias, assessoria de imprensa política e empresarial, atual secretário-geral do Movimento de Justiça e Direitos Humanos, acima de tudo apresenta um capítulo da História do Brasil que nunca foi contado. Um civil estava à frente quando 18 manifestantes enfrentaram oito mil militares. Tudo aconteceu na calçada mais famosa do mudo, no bairro de Copacabana, em 1922. A primeira edição da obra foi em 2016. Poucos meses depois, o livro mereceu uma segunda edição, fato incomum no mercado editorial rio-grandense.

A narrativa que tomou por base a investigação de documentos escassos, escritos de jornais, livros e depoimentos, depois amalgamados pela ficção, mostra, através de uma narrativa ágil e envolvente, como o sangue dos 18 do Forte tingiu a Praia de Copacabana na tarde de 6 de julho de 1922. Mostra como a carga cruel das baionetas contra os corpos caídos na areia não foi o final do massacre. Massacre que continuou com a vitória do presidente Epitácio Pessoa mandando prender jornalistas, impondo censores aos jornais e revistas e decretando o mais longo período de estado de sítio a que nosso País já foi submetido, com o objetivo de encobrir perseguições políticas a qualquer simpatizante com os conspiradores.

O governo tratou de impor sua versão e impedir o sentimento popular pelas vítimas massacradas por uma força de cerca de 8 mil homens. Os 18 do Forte obtiveram grande vitória moral, e a velha República do Café com Leite não teve mais paz e foi varrida pela Revolução de 1930. Esta obra resgata Octávio Corrêa, o personagem real e aventureiro que tinha desaparecido nas sombras. Ele foi muito mais que um simples engenheiro, advogado, capitalista e maluco que desceu a Serra de Petrópolis com um cobertor enfiado no pescoço como se fosse um poncho, para morrer numa briga que não era sua. Deve prevalecer a imagem de homem elegante e sereno, que, entre os líderes da marcha para a morte, deixou para os pósteros um perfil de homem surpreendente.

Meio bárbaro, meio xucro e valente como os gaúchos que lutaram por nossas fronteiras e meio civilizado, refinado e culto, circulando pelos salões do Rio e de Paris, Octávio também frequentava um cabaré do canto da praia e, provocativo conspirador, foi a síntese de um tempo que acabava.

O tempo dos homens que colocavam a honra acima da própria vida, vida que ofereciam no altar das suas convicções. Foram 36 anos de uma vida emocionante. A obra de Afonso Licks deve ser saudada por sua sedução narrativa, por seu embasamento, por nos mostrar um grande personagem real e por nos trazer um importante capítulo da História que ainda estava por ser contado. lançamentos Caminho de Santiago - de Portugal até o fim do mundo - Caminho português, da jornalista, fotógrafa e caminhante Andréa Prestes (Edição da autora, 136 páginas), em bela edição encadernada, apresenta textos e fotos em cores da viagem de Andréa de Santiago de Compostela até Porto e de Muxia a Santiago.

Mais de 200 fotos emocionantes dão vontade de pôr o pé na estrada. Livro de memórias (Imprensa Livre, 96 páginas), de Maria Cristina Cachapuz Berleze, médica geriatra e gestora de serviços de geriatria, com ilustrações de Clarissa Motta Nunes, é uma simpática obra que estimula o leitor a escrever suas próprias memórias. Reconhecendo, reconstruindo e registrando o passado e as várias lembranças, o leitor poderá projetar o futuro com mais alegria e confiança.

O mar não está mais (Editora Penalux, 110 páginas), do médico, diplomata e grande poeta croata Drago Stambuk, apresenta poemas ambientados em várias civilizações e cidades como Nova Delhi, Sacara, Cairo e, segundo Antonio Skarmeta, na apresentação, o encanto de sua linguagem trabalhada com rigor para conseguir a pureza do essencial nunca perde a emoção do espontâneo. - Jornal do Comércio 

(http://jcrs.uol.com.br/_conteudo/2017/01/colunas/livros/543460-capitulo-inedito-da-historia.html)

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