sexta-feira, 13 de janeiro de 2017


Jaime Cimenti
O Centrinho de Atlântida

Sou veranista de Atlântida há uns 43 anos. Sou do tempo que não havia muros, cercas, casas de dois andares e prédios altos. Sou do tempo do Magro Miguel, da Stereomoto e do chubidu, mas não sou saudosista. Acho que águas passadas devem mover alguns moinhos, inclusive o Moinhos de Vento, mas isto é outro papo.

A praça Castro Alves é do povo como o céu é do avião, diz o verso do frevo imortal do Caetano. O Centrinho também é do povo. De todo o povo e do povo da ordem, como mandam as leis. Algumas partes são de propriedade do município de Xangri-lá, ou seja, também do povo. Os problemas com o prédio do centro da praça, administrado pelo município (que foi faxinado há pouco por um grupo de veranistas), e os problemas com limpeza, segurança, som em excesso, crimes, venda de bebidas a menores e outras mazelas colocam em evidência questões que, infelizmente, não são apenas de Atlântida, mas estaduais, federais e, em alguns casos, internacionais.

Questões relacionadas à utilização das verbas do IPTU, do orçamento municipal, das relações dos veranistas com a administração municipal e com os moradores, em época de veraneio, sempre voltam com força e, quase sempre, no início de março, ficam para o ano seguinte, ano seguinte, ano seguinte. Como em outros cantos do planeta, as coisas infelizmente vão se agravando.

Nas redes sociais grupos se formaram, com centenas de pessoas, para buscar soluções, dialogar com a prefeitura, com a Brigada, com os vereadores, comerciantes e etc. para melhorar o Centrinho. Algumas coisas já foram feitas, mas muito há por fazer. Nestas horas, sempre pensamos que um diálogo maior e melhor entre veranistas, moradores, administradores, políticos e outras autoridades públicas (especialmente da área de segurança), é vital, necessário, para ontem. Não dá mais para ficar parado. Se ficar, as ondas nos levam.

É pena a transferência do movimento e vida saudáveis do Centrinho para outras partes do balneário, por causa de problemas de segurança e outros. Melhor recuperar, revitalizar o Centrinho e não botar para perder um patrimônio tão bonito, construído há mais de seis décadas por moradores e veranistas. Mesmo quem está no conforto e na proteção dos condomínios, com certeza, pretende ver o Centrinho limpo, seguro, elegante e saudável.

Ainda nesta semana, na ZH, o jornalista Tulio Milman noticiou a "Ocupação do bem" e a faxina do prédio abandonado da Praça Central de Atlântida por veranistas e a realização de uma passeata neste fim de semana. Existem ideias para utilização do prédio e, novamente, muitos veranistas pensam em transferência de seus títulos eleitorais para Xangri-Lá, para influírem diretamente na política e na administração municipal.

Algumas obras foram feitas pela administração anterior do município, e o prefeito, reeleito, ao que se sabe, dialoga com os veranistas, o que deve ser elogiado e incentivado. Alguns vereadores, especialmente o Dalagnol, que é comerciante do Centro de Atlântida, procura abraçar reivindicações dos veranistas junto à prefeitura e autoridades.
a propósito...

Será que não seria interessante fazer uma consulta pública com os moradores e veranistas de Atlântida para saber o que fazer com o prédio da praça? Há quem fale que vão demoli-lo para aumentar a área da praça. Não sei se é a melhor solução. Acho que todos precisam ser ouvidos. A praça é de todos. A criação de associações de cidadãos está sendo pensada. Já tivemos algumas, e outras ainda existem. Enfim, só com o diálogo, a união e o esforço de todos vamos sair dessa. A administração municipal tem o papel principal nisso tudo. Ela deve ser a protagonista, junto com os outros poderes. 

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