Boicote a O Boticário revela incoerência dos fundamentalistas
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Em termos estritamente criativos, o comercial para o Dia dos Namorados de O Boticário não tem nada de mais. Três homens e três mulheres aparecem se arrumando e carregando presentes. Não há trama, não há diálogos.
Mas há uma surpresinha no final. Só uma das mulheres se encontra com um dos homens. Os demais formam dois casais do mesmo sexo: dois homens e duas mulheres. Sem beijos, mas com abraços e olhares apaixonados.
Foi o bastante para incomodar os fundamentalistas religiosos (acho injusto chamá-los de evangélicos, pois existem muito evangélicos que são exemplos de tolerância). As reclamações nas redes sociais logo geraram uma campanha pregando o "dislike" na página do comercial no YouTube.
Como bem apontou o jornalista James Cimino num artigo para o "UOL Economia", quem quiser boicotar empresas que apoiam os gays deveria ser coerente e encerrar sua conta no Facebook. Também deveria parar de usar computadores da Apple, nunca mais beber Coca-Cola e não voar mais pela Gol, que produziu um comercial com um casal gay masculino e seu filho adotivo para o último Dia das Mães.
Este filme foi veiculado apenas na internet. O Boticário merece ainda mais aplausos por ter levado seu anúncio para a TV aberta e programas de grande audiência. Saiu na chuva para se molhar, e pelo jeito está adorando essa chuvarada toda.
Agora o comercial "Toda Forma de Amor" será analisado pelo Conar, que recebeu cerca de 30 reclamações. Dificilmente receberá qualquer tipo de moção negativa. O Conar preocupa-se basicamente com propaganda enganosa, e não há nada de ofensivo ou impróprio no filme de O Boticário.
De qualquer forma, o Conar só dará sua decisão em julho, quando o filme já tiver saído do ar. Até que não é um grande atraso, considerando que quem reclamou ainda está na Idade Média.
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