02
de dezembro de 2013 | N° 17632
L.F.
VERISSIMO
Retratação
Tudo
é vaidade.
Tem
aquela do cara que invade uma delegacia de polícia e exige falar com o
desenhista.
–
Com quem?
–
Com o desenhista. O que faz retratos falados. Quero falar com ele agora!
–Espera
aí. Você não pode entrar aqui
assim
e...
–
Não interessa. Quero falar, imediatamente, com quem fez isto.
E o
homem mostra um cartaz em que aparece o desenho de um rosto e escrito, em cima,
“Procura-se”. Insiste:
– Se
ele não aparecer logo, eu quebro esta joça!
–
Calma, cidadão. Calma.
Tantas
o homem faz que o desenhista é localizado e trazido a sua presença. O homem
mostra o cartaz e pergunta:
–
Isto se parece comigo?
–
Isto se parece comigo?
–
Bom, eu...
–
Não. Me diga. Esta cara se parece vagamente com a minha?
– É
que eu...
–
Olha o meu nariz e olha o nariz do desenho. Desde quando eu tenho um nariz
assim? E a boca?
– É
que eu me guiei pela descrição da testemunha...
–
Não. Não tente transferir sua culpa. O desenho é seu. É a minha cara
falsificada que está por aí, colada em tudo que é poste da cidade. E eu exijo
retratação. Ou, no caso, rerretratação.
Um
policial de plantão interfere:
–
Você está preso. – Eu sei – diz o homem. E, para o desenhista:
–
Assim você terá o tempo que quiser para refazer meu retrato, usando o original
como modelo. – Está bem – diz o desenhista.
–
Certo, desta vez!
PAPO
VOVÔ
Às
vezes sou recrutado para o papel de príncipe encantado, nos brinquedos da
Lucinda, nossa neta de cinco anos (“e meio”, como ela faz questão de dizer). No
outro dia, cumpri minha missão e ressuscitei a princesa envenenada com um
beijo. Mas não consegui levá-la para o meu castelo, ela preferiu ficar na rua.
Agora essa: princesas republicanas.
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