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sábado, 11 de fevereiro de 2012
11 de fevereiro de 2012 | N° 16976
DAVID COIMBRA
Como o amor faz mal ao sexo
O amor conspurca o sexo. Triste. Porque o sexo é um sentimento puro, desinteressado e imaculado. Quando tocado pelo amor, se estraga.
O amor é a laranja podre a contaminar com seu fungo sentimental as frescas laranjas do sexo.
Pense nos animais e nas crianças pequenas. O que os animais e as crianças têm de fascinante que os seres humanos adultos não têm?
A pureza. O desinteresse.
Os animais e as criancinhas são o que são, fazem o que fazem sem segundas intenções. Assim é o sexo. O sexo é como um bicho ou uma criança na primeira infância, o amor é um ser humano adulto. O sexo é instintual, o amor é intelectual.
O pecado está no amor, não no sexo. Ou será que a carola mais santarrona vê pecado em dois animais acasalando?
O pecado está na origem da nossa humanidade: na palavra. Não é em vão que Jesus disse que “o mal é o que sai da boca do homem”. É precisamente isso: o mal está na palavra. Imagine um lugar em que as pessoas se encontrem para fazer sexo sem restrições.
Todos podem entrar, com uma condição: ninguém pode falar, a comunicação verbal estaria interditada entre aquelas pessoas para sempre. Então, as pessoas se misturariam e fariam o que sentissem vontade de fazer. Depois, iriam embora e nem sequer se veriam mais, a não ser que voltassem para o lugar. O que elas seriam naqueles momentos em que estivessem interagindo sem usar a palavra? Animais. Puros como são os animais.
Agora imagine que duas pessoas rompessem as regras. Um homem e uma mulher decidiram CONVERSAR. A partir da primeira troca de palavras, criou-se uma conexão nova entre eles. Eles agora têm algo a mais, um conhecimento diferente. Suas personalidades se manifestaram e geraram reações um no outro.
Não existe mais apenas a sensação; agora há reflexão. Se, por acaso, eles se apaixonarem, vão querer ficar mais tempo juntos, vão formar um casal, não vão mais se dividir entre os outros, vão se somar um com outro. Em pouco tempo, terão medo de que o parceiro sinta por outra pessoa aquilo que a palavra despertou entre eles. Sentirão CIÚME.
Cobrarão fidelidade. Depois, exclusividade. Controlarão o comportamento um do outro. E, se um deles quiser compartilhar com outra pessoa a atividade carnal e inocente do sexo, elas se revoltarão, não permitirão, talvez agridam ou matem.
O pecado foi criado entre eles. Pela palavra. Pelo amor. O amor conspurcou o sexo. Porque o sexo é natural; o amor, não. O amor romântico é um sentimento inventado pelo homem, assim como é o amor pela pátria. Depois do século 18, as pessoas passaram a morrer pela pátria, como antes morreram por lealdade ao rei.
Pode-se morrer de amor e matar por amor. Matar e morrer premeditadamente. Intelectualmente. Já o desejo, só se mata ou morre por desejo se houver patologia. O desejo, se não for doente, não causa depressão. O amor é depressivo por essência.
Qualquer atividade puramente prazerosa será conspurcada quando houver interferência do intelecto. A amizade mais pura é a que atravessa a infância, que independe da atividade profissional, da rotina e até da personalidade de cada amigo. O futebol mais puro é o amador, jogado pelo jogo, por prazer. O profissionalismo fez o futebol evoluir. E acabou com o futebol. O jogador profissional joga por dinheiro, assim como o apaixonado faz sexo por amor.
O futebol é usado para que o jogador ganhe dinheiro, o sexo é usado para que o amante conquiste o ser amado. O prazer, em ambos os casos, desceu para o segundo plano, não é o mais importante. O prazer puro e sem pecado. O prazer sem segundas intenções, belo como são belas as criancinhas, como são belos os animais.
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