terça-feira, 28 de fevereiro de 2012



28 de fevereiro de 2012 | N° 16993
PAULO SANT’ANA


Fotos inevitáveis

Fico de oito a 10 horas por dia na Redação de Zero Hora.

Mas, se gasto em média duas horas para escrever minha coluna, por que fico de oito a 10 horas na Redação?

Pelo seguinte motivo: é que as outras seis ou oito horas em que permaneço na Redação ocupo em tirar fotos com as misses das festas das cidades do Interior que as mandam para PoA a fim de serem divulgadas.

As comitivas vêm a Zero Hora aos magotes. E elas me perguntam: “O senhor pode tirar uma foto conosco?”.

Eu respondo: “É inevitável”.

Batem as fotos. Uma miss me pede em particular: “Agora o senhor poderia tirar uma foto comigo sozinha?”.

Eu respondo: “É inevitável”.

Quase sempre vem o prefeito na comitiva. E o prefeito quase sempre quer tirar outra foto, desta vez sozinho, comigo.

Mas eles não batem uma foto só, sempre há alguém da comitiva que diz: “Bate mais de uma foto para garantir”.

E eu fico oito horas por dia batendo foto com as misses.

Agora é que descobri por que o Luis Fernando Verissimo nunca pôs os pés na Redação de Zero, há 40 anos que faz sua coluna em casa.

Assim é fácil ser colunista de Zero Hora.

Eu queria ver ser colunista servindo de boneco para fotos durante todo o dia!

E quando batem a foto e quem está servindo de fotógrafo me intima: “Ri, agora, Sant’Ana, que vamos bater outra”.

E eu respondo: “Rir do quê?”.

A apresentação do Cirque du Soleil na cerimônia de entrega do Oscar foi a mais impressionante atuação humana em qualquer palco, em toda a história dos espetáculos.

Eu, que ando de bengala atualmente, não tenho equilíbrio e quase despenco pela inativação de meus dois labirintos, valorizei por isso ainda mais o que fizeram os acrobatas circenses.

Não sei como conseguiram os organizadores do show colocar aquela gente toda no palco e em volta dele a maravilhar o mundo com suas peripécias.

Nunca houve, só por causa do Cirque du Soleil, uma cerimônia mais importante do Oscar do que esta do último domingo.

Quem não viu perdeu a chance de assistir a uma das maiores façanhas artísticas do homem sobre a Terra.

Eu me beliscava para acreditar que aquilo que estavam mostrando os artistas não era um desenho animado.

Espetacular, fantástico, extraordinário!

Quero elogiar a direção do Banrisul por ter cumprido seu dever de banco público ao não conceder à empreiteira Andrade Gutierrez financiamento para a reforma do Beira-Rio sem as garantias de praxe.

Pela primeira vez na história, alguém teve o topete de enfrentar os poderosos deste país.

E o peito da Andrade Gutierrez, em publicar uma nota chantageando o Banrisul e o governo do Estado!

Tiveram a reação gaúcha que mereciam.

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