segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012



20 de fevereiro de 2012 | N° 16985
PAULO SANT’ANA


Golpe na comunicação

No tão falado recorde de circulação que Zero Hora bateu nos últimos anos, qual terá sido a colaboração desta coluna para esse feito?

É o que me pergunto, amedrontado.

Acho muito comemorável que tenhamos batido recordes de circulação nos últimos tempos.

Mas vou comemorar com muito mais júbilo se batermos nos próximos anos o recorde de circulação de ideias internas. E é lógico que também de ideias externas, porque nada existe de mais elogiável que um jornal suscite ideias ou por alguma forma as capte entre os leitores.

Sigmund Freud, escolhido como o maior gênio humano do século passado, confessou desoladamente que vasculhou por inteiro a alma humana, mas não conseguiu decifrar a alma da mulher.

Nem eu, outro gênio, consigo decifrar a alma da mulher. Como é então que as mulheres gays conseguiram decifrar com rara eficácia a alma das mulheres?

É muito simples: é que para entender as mulheres é necessário que se seja uma mulher. E nem Freud nem eu éramos ou somos mulheres.

Um homem jamais compreenderá os mistérios que cercam o ser feminino.

Falta delicadeza aos homens para atingir esta prospecção.

Estou pedindo aos vereadores e ao prefeito de Porto Alegre que nunca mais denominem ruas de nossa cidade com nomes estrangeiros de difícil grafia e pronúncia.

Moro numa rua dessas e as dificuldades que tenho encontrado nem Leônidas as encontrou nas Termópilas.

Encontro dificuldades nos Correios e Telégrafos, entre os selecionadores de correspondências, entre os carteiros. É um deus nos acuda descobrir a rua em que moro.

Se vou pedir um táxi a uma operadora, demoro 15 minutos para tentar, junto à telefonista que vai mandar o táxi, identificar a rua, ninguém entende o nome.

Se vou pedir uma telepizza, já sei que o lanche chegará frio a minha casa, ninguém entende o nome, é um hieróglifo.

Quando uma empresa pede meu endereço, não consigo pronunciá-lo, sou obrigado a escrevê-lo, o que apenas reduz um pouco a dificuldade.

Não é possível que continuem a colocar nomes ilegíveis e ininteligíveis de ruas em Porto Alegre, torna-se um inferno para os moradores dessas ruas.

Tenho brigado com muita gente por causa disso.

Os vereadores têm de parar de criar essa dificuldade para os munícipes e para os serviços.

Vamos acabar com essa tortura. E se não for possível atender a esse apelo, abrasileirem os nomes. Assim não dá mais.

O leitor pode não ter ideia dessa tortura porque o nome de sua rua é facilmente compreensível.

Mas dói.

Esses dias, um motoboy teve a audácia de dizer que não podia atender à tarefa que lhe pedi.

Perguntei-lhe o motivo e foi esta a resposta: “Não dá para ir até aí, o nome da rua é muito difícil”.

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