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sábado, 18 de fevereiro de 2012
18 de fevereiro de 2012 | N° 16983
PAULO SANT’ANA
Os atores da vida
A juventude é uma aventura maravilhosa. A velhice não passa de uma embromação.
Quem é jovem não sabe que é jovem, não tem consciência de sua condição.
Já o velho, este quanto sabe como é velho!
A criança também não sabe que é criança, não tem sequer a ideia de que será adulta.
Já escrevi mil vezes que a criança é feliz por não ter ideia da morte. Já o velho é infeliz por viver na cabeça com a ideia da morte.
Já os tristes, estes são fracos porque não souberam se encantar com a vida.
A vida para os tristes é uma atrapalhação. Já para os alegres, a vida é uma espetacular atração.
Os alegres não somente amam o hoje como aguardam com ansiedade o dia de amanhã.
Para os tristes, o amanhã não passa de uma ameaça.
Os presos, os doentes, os aleijados, estes, por outro lado, são fortes, suportam com rara bravura o castigo da vida.
Os doentes sem cura e os condenados à morte, estes vivem só à espera do fim, nada mais lhes interessa que não seja a data em que deixarão de viver, curtem somente a expectativa do fim da existência, que gostariam até que fosse abreviada, embora alguns se entreguem ao sonho de que sobrevenha um milagre.
Já os resistentes são os que sofrem, aqueles para quem a vida não sorriu, mas continuam lutando na esperança de que as coisas melhorem.
Os dias dos resistentes se arrastam com amargura, mas eles não dobram a cerviz para a infelicidade, creem firmemente em que não há mal que sempre dure e vão enfrentando a vida na esperança de que, de repente, tudo mude e venha a lhes raiar o sol das manhãs venturosas.
Os resistentes acreditam profundamente que sua luta terminará com vitória. Para eles, o seu sacrifício só pode vir a redundar em êxito.
Os resistentes são os mais heroicos dos personagens da vida, eles são os agentes permanentes da esperança, tudo lhes diz e promete que a vida ainda será farta de alegrias e realizações.
A religião suprema dos resistentes é o otimismo.
No outro extremo do território dos resistentes, estão os pessimistas. Aqueles que tanto acreditam que nada dará certo, que até mesmo quando possuem todas as condições para serem felizes assim não se consideram.
Os pessimistas perdem antes mesmo de perder, sofrem antes de sofrer, caem antes da queda.
Os pessimistas não usufruem da boa saúde porque estão sempre achando que logo ficarão doentes.
E não desfrutam da fortuna porque têm certeza de que em seguida lhes sobrevirão terríveis dificuldades financeiras.
O lema máximo e mais conhecido do pessimista é o de que a “felicidade é efêmera”.
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