quinta-feira, 8 de dezembro de 2011



08 de dezembro de 2011 | N° 16911
PAULO SANT’ANA


Um plantão de horrores

Hoje é dia de comer uma paella no Centro de Estudos do Hospital de Pronto Socorro, em comemoração à aposentadoria do Dr. Paulo Di Nardo. Ali é o lugar em que se reúnem os médicos à espera do atendimento de urgência que pipoca nas enfermarias.

Nunca me esqueço do dia em que eu visitava o HPS e houve um alarido entre os otorrinos: tinha entrado um paciente que tivera seu ouvido invadido por uma vespa, que de tão intrometida foi parar quase no ouvido médio.

Sucede que a vespa foi parar dentro do ouvido do paciente porque estava sendo perseguida por um grilo. E o grilo foi atrás da vespa e entrou no mesmo ouvido do paciente.

Tínhamos, pois, dois insetos voadores dentro do ouvido do pobre paciente. E o pior: o grilo fazia um barulho ensurdecedor, chegava a ser ouvido até pelos médicos. Imaginem o que estava sofrendo com aquele estrépito o paciente desesperado.

Foi um parto para tirar, durante mais de uma hora, os dois insetos do ouvido do paciente, que restou tonto após a investigação perscrutante.

Lá adiante, entra outro paciente que engoliu duas moedas. Pela madrugada, aconteceu uma coisa incrível: uma criança engoliu nada menos que uma tesourinha, estava literalmente empalada a garganta do menino. A cirurgia de retirada do instrumento da laringe do peralta foi quase dramática.

E assim vão se sucedendo os episódios insólitos do cotidiano que vão se derrubar sobre o plantão do HPS.

Um paciente, sabe-se lá por que, enfiou um cotonete na narina esquerda e o bastonete não dava sinais de que iria ser expelido. Acontecem coisas incríveis no HPS, caso daquele homem que estava num motel e caiu o lustre do teto sobre seu bumbum, dezenas de cacos de vidros encravados nas suas nádegas, uma dor terrível, o homem não pôde sentar-se nem deitar-se em decúbito dorsal durante semanas.

Soube do caso em que, sem explicação, um homem engoliu sete bolotas de naftalina.

E também do caso de duas baratas que invadiram solertemente o ânus de um paciente, causando-lhe comichão insuportável. Os insetos vivos e se mexendo no terminal dos intestinos, o homem sacolejava como se estivesse sambando numa quadra de Carnaval.

Sempre que vou ao Centro de Estudos do Pronto Socorro, mostro curiosidade por catalogar esses casos excêntricos verificados no plantão de atendimento, tudo o que é extravagante vai parar lá e cada vez mais o plantão vai se surpreendendo com episódios cada vez mais estupefacientes.

O Jorge Polydoro, diretor da Revista Amanhã, manda-me dizer que na pesquisa Top of Mind, da qual esta coluna é vencedora há 21 anos consecutivos, apareceu uma novidade esta semana: no que se refere ao índice de maior torcida, pela primeira vez nos últimos anos o Internacional bateu o Grêmio em preferência popular em Porto Alegre.

No Rio Grande do Sul, o Grêmio permanece ainda com maioria, mas a perdeu na Capital.

Deve ser fruto do título mundial que o Inter ganhou em 2006, que, como se sabe, vai sendo gravado no espírito das crianças, que crescem e são alcançadas pelas pesquisas.

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