terça-feira, 6 de dezembro de 2011



06 de dezembro de 2011 | N° 16909
LIBERATO VIEIRA DA CUNHA


Uma avenida líquida

Porto Alegre é circundada por uma imensa avenida líquida, algo que só vi parecido em Regensburg, uma cidade do sul da Alemanha. Pois agora enfim esse extraordinário patrimônio natural começa a ser aproveitado.

Leio, em reportagem de Nilson Mariano, que a hidrovia estabelecida entre a Capital e Guaíba supera todas as expectativas e só no primeiro mês de operação foram transportados 63,2 mil passageiros. A meta superou todos os cálculos da concessionária, que só esperavam alcançá-la em meio ano.

Não é de surpreender. Trata-se de um transporte fluvial com segurança, conforto e pontualidade.

A viagem ocorre em 20 minutos, com previsão de, no máximo, 60 segundos de atraso.

Já era hora de Porto Alegre redescobrir o seu rio, que os técnicos chamam de lago.

Mas o catamarã unindo a Guaíba não é a única forma de revalorizá-lo. Já uma outra e promissora perspectiva desenha-se no horizonte.

Nos próximos anos acabará em definitivo o divórcio entre a cidade e uma das mais belas paisagens do Brasil.

Caminha a passos largos o aproveitamento do Cais Mauá, completamente revitalizado, o que nos colocará no nível de Puerto Madero, em Buenos Aires, e da orla de Barcelona.

Será um passo gigantesco rumo à revalorização da metrópole, talvez a obra mais importante deste século na antiga aldeia dos casais açorianos.

Com isso, acabará barreira do muro que separa a cidade de seu panorama mais belo. Uma estreita mentalidade tecnocrática decretou que a Capital virasse as costas para o seu rio.

E não apenas para este, mas para todo um tesouro de ilhas, colinas, espelhos líquidos.

Pois isso agora vai acabar.

Porto Alegre, com a hidrovia e a restauração do Cais Mauá, reencontra a sua vocação de moça bonita, à espera de seus enamorados, que somos todos nós.

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