sábado, 3 de dezembro de 2011



04 de dezembro de 2011 | N° 16907
PAULO SANT’ANA


Pâncreas redivivo

Vai entender a medicina! Há 14 anos, sou diabético. E há 14 anos sou insulinodependente, isto é, porque o meu pâncreas não funciona, ele não derrama sobre meu organismo a insulina de que este depende.

Que faço então, como milhões fazem em todo o mundo? Eu aplico diariamente duas injeções de insulina na minha barriga e assim meu organismo vai funcionando. Há 14 anos!

No entanto, de uns dias para cá, vem acontecendo uma coisa fantástica comigo: eu aplico a insulina, calculando que, com a quantidade aplicada, a minha glicemia vai baixar para a taxa ideal: 110.

Só que, quatro horas depois da aplicação, eu começo a sentir tonturas e tendência de desmaio. Então, vou medir a taxa de glicemia no meu sangue e noto que ela não está nos 110 que eu havia calculado. Está em 50, taxa perigosíssima, porque me deixa à beira de um colapso hipoglicêmico, isto é, muito menos açúcar no sangue do que é permitido.

Telefonei urgentemente para o Dr. Jorge Gross, o papa do diabetes aqui no Sul.

E o Dr. Gross entrou num acordo comigo sobre o que me está acontecendo: o meu pâncreas voltou a funcionar, inacreditavelmente.

Depois de 14 anos, sem nenhuma razão aparente, o meu pâncreas voltou a funcionar, milagrosamente.

Nem eu, nem o Dr. Gross estamos acreditando no que se passa comigo.

Já marquei consulta, e o Dr. Gross me disse que, confirmado esse quadro assombroso e atual e novo do meu diabetes, ele terá de suspender a aplicação de insulina e substituí-la por comprimidos, que é tudo com que um diabético sonha na vida.

Não só porque a insulina é muito cara, mas também, como no meu caso, é cruciante ter de todos os dias sofrer duas picadas na barriga com as injeções respectivas.

Vou perguntar ao médico ilustre se existe caso igual ao meu na sua história clínica: um pâncreas voltar a expelir insulina para um organismo depois de ter paralisado suas atividades durante longos 14 anos. Sei que os diabéticos principalmente estão inteiramente interessados nesta coluna que estou escrevendo. E são tantos os diabéticos, inumeráveis, no Rio Grande do Sul!

Estou no aguardo do desfecho desse meu caso, irei comunicá-lo imediatamente aos leitores desta coluna.

Se for confirmada a tese de que meu pâncreas voltou à sua atividade essencial, estou praticamente curado do diabetes ou, no máximo, deixei definitivamente de ser insulinodependente.

É incrível, é fantástico, é extraordinário: tudo indica que meu pâncreas, seja lá por que razão remota, recôndita, desconhecida, voltou às suas atividades normais.

Mas o Dr. Gross tem uma explicação para o meu fenômeno: ele diz que com a radioterapia do meu câncer, emagreci 11 quilos. E, como a obesidade é inimiga do pâncreas, este fez as pazes com meu emagrecimento.

Viva! Emagreça e livre-se da insulina!

Estou desconfiado de que o Dr. Gross vai me levar a correr o mundo, expondo-me como uma cobaia de uma revolução na área endocrinológica.

É impressionante o que anda acontecendo comigo, ainda mais que noto que há 10 dias melhorou sensível e fenomenalmente a minha audição.

É notável: voltou a chover na Granja do Torto!

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