Aqui voces encontrarão muitas figuras construídas em Fireworks, Flash MX, Swift 3D e outros aplicativos. Encontrarão, também, muitas crônicas de jornais diários, como as do Veríssimo, Martha Medeiros, Paulo Coelho, e de revistas semanais, como as da Veja, Isto É e Época. Espero que ele seja útil a você de alguma maneira, pois esta é uma das razões fundamentais dele existir.
quarta-feira, 4 de maio de 2011
04 de maio de 2011 | N° 16690
DAVID COIMBRA
A descoberta da traição
Foi no Egito que Napoleão descobriu que estava sendo traído pela mulher.
Josefina. Justo Josefina, para quem ele escrevia aquelas cartas frementes de paixão. “Não se lave nos próximos dias, que estou voltando para casa”.
Os franceses, você sabe, apreciam odores fortes.
No Egito, Napoleão escrevia quase todos os dias para a mulher. Mas as respostas dela começaram a rarear e, quando vinham, eram apenas algumas poucas linhas impacientes. Napoleão começou a ficar desconfiado.
Então, certa noite...
Foi uma noite decisiva, aquela noite egípcia. Ele já havia se embevecido com a Grande Pirâmide de Quéops e, fitando-a, já havia declamado aos seus soldados e para a posteridade:
– Do alto dessas pirâmides, quarenta séculos vos contemplam!
Também já havia vencido uma batalha importante, ali mesmo, em Gizé.
E já havia instituído o Instituto do Egito, entidade que seria responsável por decifrar os até então incompreensíveis hieróglifos.
Todas essas façanhas já havia cometido Napoleão, mas ele não pensava nelas. Pensava nela. A noite estrelada e profunda do deserto o fazia ansiar por Josefina, que deixara em Paris. Sentia ciúmes e, como todo homem que sente ciúmes, precisava falar com um amigo. Chamou um de seus principais generais, Junot, e suspirou:
– Me diga, Junot: você acha que Josefina é fiel?
É claro que esperava que Junot respondesse:
– Fidelíssima. Ela é uma monja!
Mas agora quem suspirou foi o general. Decidiu contar-lhe a verdade, e a verdade era excruciante: Josefina se revelara uma adúltera contumaz e todos em Paris sabiam disso. Junot não parou por aí. Forneceu uma lista pormenorizada dos amantes da mulher do homem mais poderoso do mundo: garotões louros, musculosos e altos, como Napoleão não era. A dor da cornitude devorou as entranhas do conquistador da Europa. Napoleão saiu uivando pelos aposentos, jurou que pediria o divórcio e anunciou que, aos 29 anos de idade, sentia-se um ancião. Sua vida tinha perdido a cor e a graça.
Era o fim de Napoleão.
Mas nem o divórcio e nem a senilidade precoce aconteceram. E nem seu fim prematuro. Napoleão era um homem forte. Aos poucos, foi reagindo. E a principal causa da reação foi uma causa loira e sinuosa chamada Pauline.
O mesmo Junot que revelara ao comandante sua condição de corno notório informou-o de que adejava, entre os 34 mil homens do Exército em campanha no Egito, uma beldade de 20 aninhos que se travestira de soldado para acompanhar o marido, um tenente do 22º Regimento de Caçadores.
Napoleão achou a informação interessante. Junot, então, deu um jeito de apresentar-lhe Pauline. Napoleão encantou-se com seu corpo esbelto e curvilíneo e seus cabelos dourados que, segundo se dizia na tropa, eram tão longos que podiam servir-lhe de capa. A próxima medida de Napoleão foi enviar o marido de Pauline para uma providencial e importante missão bem longe dali. O marido foi, Pauline ficou e Napoleão partiu para o ataque.
Pauline fez como a Itália: cedeu.
Napoleão recuperou-se da dor da traição. Voltou a ser o homem cheio de viço e energia de sempre e, em alguns anos, coroou-se imperador dos franceses.
Napoleão deu a volta por cima. Superou um dos mais duros reveses que pode afligir um homem, que é a cornitude pública.
Com o que pergunto: o que é pior: descobrir que a França inteira sabe que você é corno ou jogar com oito reservas?
Primeira opção.
Logo, o Grêmio também tem chances de se recuperar. Afinal, Napoleão nem era imortal.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário