Aqui voces encontrarão muitas figuras construídas em Fireworks, Flash MX, Swift 3D e outros aplicativos. Encontrarão, também, muitas crônicas de jornais diários, como as do Veríssimo, Martha Medeiros, Paulo Coelho, e de revistas semanais, como as da Veja, Isto É e Época. Espero que ele seja útil a você de alguma maneira, pois esta é uma das razões fundamentais dele existir.
segunda-feira, 11 de janeiro de 2010
11 de janeiro de 2010 | N° 16212
KLEDIR RAMIL
Autobiografia – O Batizado
Nasci em Pelotas e, com apenas 3 meses de idade, comecei a viajar. Fui até Jaguarão, mas não gostei do que vi: o Uruguai. Pra não perder a viagem, aproveitei pra me batizar na Igreja Matriz do Divino Espírito Santo e voltei pra casa. Foi uma cerimônia simples, apenas com a presença da família. Acredito que fotógrafos e jornalistas foram impedidos de entrar, pois não há nenhum tipo de registro nos arquivos da imprensa local.
Foram padrinhos, meu tio Pery, então sargento do exército brasileiro, proprietário de uma Lambretta vermelha e tia Diva, diretora do Colégio Estadual Joaquim Caetano, dona de uma risada contagiante e de um enorme talento para a confeitaria artística. Os bolos da tia Diva eram verdadeiras obras de arte.
Lembro de um campo de futebol com 22 jogadores, um parque de diversões multicolorido, um zoológico com jacarés e girafas, tudo de açúcar.
Açúcar foi a primeira droga que experimentei. Só consegui me livrar na adolescência, quando apareceram as primeiras acnes. Acnes eram erupções vulcânicas na pele que, segundo os garotos mais velhos, revelavam a prática exagerada da masturbação. Também diziam que fazia crescer cabelo na palma da mão. Não sei. Alguma coisa errada eu devia estar fazendo.
Minha infância foi toda vivida sob a ponta afiada da espada do pecado. A Igreja Católica determinava o que podia e o que não podia. Em contrapartida, tinha um fantástico mecanismo de pagamento de dívidas: a confissão. A gente pecava à vontade, depois ia até o confessionário, abria a boca e pronto.
Era só rezar meia dúzia de Pai Nossos e estava zerado. Pagar penitências era uma garantia de crédito para se continuar mexendo no que interessava: os mistérios do sexo oposto. Mesmo que só na imaginação.
O confessionário era uma caixa de madeira com um padre dentro. Supostamente, pois só era possível vislumbrar uma sombra através da janelinha gradeada, com tela. A voz suave incitava a contar os pecados cometidos. Mas que barbaridades um guri do interior poderia ter feito? Eu não era nenhum psicopata, era apenas um Tarzan atrás da minha Jane.
Ney Matogrosso conta uma história maravilhosa sobre a descoberta da sua sexualidade, quando ainda era um garoto puro e ingênuo. O padre lhe perguntou se andava fazendo safadeza com as meninas e ele disse que não. “E com os meninos?”, perguntou o padre. Ney ficou intrigado, pensando, e depois de um tempo perguntou: “E pode?”.
(continua)
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