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sábado, 2 de janeiro de 2010
03 de janeiro de 2010 | N° 16204
PAULO SANT’ANA
Assim é demais!
Já sei que vão chover explicações dos religiosos, dos crentes, mas elas já surgiram tantas e eu não me satisfiz com nenhuma.
Dos filósofos e dos cientistas, sempre me chegaram as explicações, mas também não me satisfiz.
Só que os filósofos sabem que são incompletos, mas os religiosos e os crentes, a quem admiro tanto a ponto de desejar ser um deles, estes pretendem que alcançaram a Verdade, e é uma pena que não me consigam transmiti-la.
Sei que vão surgir inúmeras explicações, mas é inútil, já me explicaram tudo, mas eu não entendi nada.
Insisto, embora. É que dei de cara em Zero Hora com notícia de hediondo crime de tortura cometido por um casal contra um menino de apenas cinco anos, em Bagé, na semana passada.
Desculpem voltar ao assunto de tortura sobre crianças, mas eu não consigo nem ignorá-lo nem passar por cima dele, eu que tenho o ofício de focalizar o cotidiano não vou estar catando nele os fatos mais saborosos, sem fixar-me em seu lixo.
É que começaram a aparecer nos últimos dias as torturas contra crianças.
Foram enfiadas dezenas de agulhas nos corpinhos de dois meninos, ambos com dois anos de idade, no Maranhão e na Bahia.
E agora um menino de cinco anos, em Bagé, teve metade da sua orelha arrancada por uma mordida do seu padrasto, dois dentes quebrados e lesão grave nos órgãos genitais. Um ataque de um monstro, ou de dois monstros, porque a mãe do garoto foi também presa, acusada pelos crimes.
O rosto do menino era uma sangueira só, suas narinas inchadas, os dentes arrebentados, os genitais em feridas por mutilações.
Mediante a filosofia, a teologia e as religiões, eu me conformei com todos os atos bárbaros cometidos na face da Terra contra adultos, as feras humanas que através da História massacraram seus semelhantes, às vezes às dezenas de milhões, as escravaturas e os simples atos de sadismo e tortura que fervilham nos noticiários como fervilham no registro da história das civilizações.
Me conformei e compreendi essas atrocidades todas.
O que eu não compreendo e com o que não me conformo são com torturas contra crianças, infelizmente esse tipo de crueldade animalesca tem marcado com frequência macabra os nossos noticiários, com fatos nada distantes de nós.
Em suma, o que eu não consigo compreender, o que não cabe na dimensão dos meus equipamentos neuroniais e sensoriais, é a extrema capacidade do homem para praticar o mal.
Não entendo, desculpem, mas não entendo. Já quase não entendo o Mal, mas o mal travestido de tortura contra crianças, este foge desesperadamente da minha razão e se transporta para o meu delírio, na fronteira com a loucura (me enlouquecem ou quase me enlouquecem essas notícias de torturas contra as crianças) me entrego à desilusão e à desesperança, e chego a desejar a morte, estágio sem dúvida melhor do que continuar a conhecer essas notícias e saber que elas não terão paradeiro.
Por que é permitido o mal? Por que é permitida a suprema dor física? Por que triunfa o mal durante as incontáveis horas e dias em que sofre uma criança sob o domínio de seus verdugos?
Por que existe Satanás e reina por vezes no território humano, espalhando as mais sórdidas dores e frequentes e imparáveis torturas?
Por que existe o Mal, sob as mais terríveis aparências, nas aflições físicas e espirituais, com o Bem sendo sobrepujado com notável constância entre os humanos?
Por que o Bem permite a existência do Mal? Por que a existência do Diabo é permitida?
Por quê?
Tudo poderia acontecer. Menos crianças torturadas, dias, meses, anos a fio.
Tudo menos isso.
Aí eu me entrego. Não vale a pena viver.
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