Aqui voces encontrarão muitas figuras construídas em Fireworks, Flash MX, Swift 3D e outros aplicativos. Encontrarão, também, muitas crônicas de jornais diários, como as do Veríssimo, Martha Medeiros, Paulo Coelho, e de revistas semanais, como as da Veja, Isto É e Época. Espero que ele seja útil a você de alguma maneira, pois esta é uma das razões fundamentais dele existir.
terça-feira, 8 de setembro de 2009
08 de setembro de 2009
N° 16088 - PAULO SANT’ANA | MOISÉS MENDES
Boca-aberta
Fui perseguido por um Fusca rebaixado no domingo. Tenho medo de Chevettes, Gols, Tipos, Corsas, Monzas rebaixados. Algo me diz que esses carros anunciam alguma coisa além da tentativa de customizar o bólido, de torná-lo diferente e visível em meio a carros iguais. Tem um componente Mad Max nesses automóveis. Os mais assustadores são os que combinam o rebaixamento com som alto e descarga aberta.
Pior se o motorista estiver de ray-ban. Rebaixaram esses carros para alguma guerra, quem sabe para a extinção total do que possa ter sobrado de civilização no trânsito de Porto Alegre.
Pois o Fusca rebaixado me perseguiu por uma quadra. Na morneza da tarde de domingo, atravessei a Protásio, vindo da Rua Ijuí, e fiz sinal de que pretendia entrar à direita, na Barão do Amazonas. O rapaz do Fusca não gostou. Teria de ceder centímetros do espaço que ocupava. Buzinou, apressou-se pela direita e gritou algo como “porta aberta”. Examinei a porta, estava fechada. Ele então repetiu o aviso, para que não restasse dúvida: “Boca-aberta”.
Ser chamado de boca-aberta nas ruas de Porto Alegre é pouca coisa, quase nada. A agressividade e os desaforos prosperaram impunemente nas últimas décadas. Os pardais, coitados, poucos para tanto desatino, ficaram com a tarefa de fazer, pela coerção, o que não se fez de outro jeito.
E agora surge essa conversa fiada de que o motorista da Capital é a figura exemplar do motorista gaúcho. Que os agressivos dirigem em Porto Alegre como os gaúchos montavam seus cavalos nas guerras de fronteira. É a velha história da coisa atávica. Estaríamos condenados a ser primitivos, rudes e mal-educados – que é a ofensa mais grave –, porque os entreveros com os castelhanos nos marcaram para sempre.
Quanta bobagem. Os defensores da teoria do atavismo devem ser leitores de almanaque de psicanálise ou metropolitanos que nunca circularam pelo Interior. Quem conhece um pouco da Fronteira, de Livramento, Uruguaiana, Quaraí, São Borja, Itaqui e outras cidades do entorno da Grande Alegrete, sabe que também lá há imprudentes, barbeiros, desligados. Mas a agressividade raivosa é um defeito da alma do motorista de Porto Alegre. Vão insistir: no Interior o trânsito é frouxo, todo mundo dirige tomando mate. Também não é verdade.
A agressividade não é um mal acionado apenas pelo pico da volta para casa e tampouco se manifesta só nas grandes avenidas entupidas de Porto Alegre. Pode surgir, dentro de um Fusca rebaixado ou de um jipe asiático importado, em qualquer ruela da Capital. E numa tarde de domingo com cachorro troteando pela Protásio.
Quero ver logo essa campanha para o trânsito que a prefeitura está anunciando. Se vierem com algo na base do respeite a faixa de segurança, não passe por cima do pedestre, não tranque os cruzamentos, não vai dar em nada. Porto Alegre precisa de uma mobilização como a que mudou Brasília. Não se pede nada tão criativo como aquela campanha australiana que fez uma conexão entre a agressividade no trânsito e o pênis pequeno.
Mas é bom investigar. Deve ter alguma outra coisa pequena interferindo no comportamento de quem mora em Porto Alegre e dos interioranos que vieram parar aqui e acabaram contagiados por esse desvio. Os cientistas que investiguem.
O confronto do Grêmio do sábado com o Internacional do domingo é dramático. O Grêmio se desfez em alguma curva nos últimos meses, e o Internacional se remontou. O time de Tite nos oferece hoje o que até a Seleção nos sonega.
A Seleção é pragmática, cartesiana, esquemática, chata. Venceu a Argentina, mas só derrotar a seleção medíocre de Maradona não nos basta. Falta o triplo carpado. O Avaí venceria a Argentina.
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