Aqui voces encontrarão muitas figuras construídas em Fireworks, Flash MX, Swift 3D e outros aplicativos. Encontrarão, também, muitas crônicas de jornais diários, como as do Veríssimo, Martha Medeiros, Paulo Coelho, e de revistas semanais, como as da Veja, Isto É e Época. Espero que ele seja útil a você de alguma maneira, pois esta é uma das razões fundamentais dele existir.
segunda-feira, 5 de janeiro de 2009
05 de janeiro de 2009
N° 15839 - PAULO SANT’ANA | CLÓVIS MALTA (interino)
A bolha das convicções
O final do último ano e o início deste serão lembrados por algum tempo como um período no qual algumas de nossas convicções, aparentemente as mais sólidas, estouraram como bolhas de espuma ao vento.
Primeiro foi a polêmica sobre a conveniência de comprar ou poupar, amplificada em pleno mês de dezembro. Depois, instalou-se entre uma parcela de gaúchos o debate sobre o dilema de ir ou não ao Litoral para o Réveillon.
Em alguns casos, a dúvida se tornou ainda mais angustiante: avançar ou não até Santa Catarina para aguardar o início de 2009, ou para as férias de verão? É claro que não há respostas prontas e unificadas para quaisquer desses casos. Ainda assim, a torrente de fatos, em menos de uma semana de novo ano, faz pensar.
Pode ser que o comércio esperasse mais, pois dezembro de 2008 vinha se encaminhando para ser um mês de delírio no consumo. Mas a afluência às lojas fez lembrar o comportamento de formigas antes da tempestade, quando todas correm na mesma direção, preocupadas em garantir o que quer que seja, enquanto é tempo.
Quem se arriscou a ir de qualquer ponto do Estado para o Litoral no primeiro feriadão forçado do ano, pôde constatar que sobrou carro e faltou estrada. Alguns tiveram que cear no caminho mesmo, onde ainda se encontravam à meia-noite, sem conseguir avançar.
Entre os que ousaram mais, buscando o azul do mar catarinense e o verde das montanhas, a mesma natureza mostrou que pode ser bela, mas não é necessariamente dócil o tempo todo. É por isso que tantos motoristas e seus acompanhantes, ao tentarem acelerar o retorno ou a ida, viraram flagelados dentro do carro, sob o pavor da ameaça da água avançando ao redor.
Uma troca de presentes natalinos não se resume a um ritual quase obrigatório, nem serve apenas para compensar com bens materiais eventuais pequenas ou grandes frustrações acumuladas durante o ano. Quem compra e quem vende ajuda a mover a roda da economia, a gerar imposto, a abrir ou garantir vagas. E, é claro, a permitir que mais pessoas possam ter um veraneio mais próximo de suas ambições, onde quiserem e puderem pagar.
Não interessa se a esteira será estendida na beira do rio mais próximo ou do mar de Punta del Este. Nem que a opção seja pelas praias gaúchas ou pelas de Santa Catarina. Mas a decisão de comprar ou guardar, de abrir o guardassol abaixo ou acima do Mampituba precisa, ou deveria, estar muito bem embasada em dados reais. Quanto há de dinheiro no bolso? O que diz previsão do tempo? Como estão as condições das rodovias?
Sim, juntamente com as nossas, ruíram também algumas verdades inabaláveis de figuras até agora influentes no cotidiano coletivo. Economistas foram os últimos a saber da maior crise financeira em oito décadas. Empresários avessos à atuação do Estado precisaram se socorrer adivinhem onde?
Meteorologistas estão cada vez mais equipados com o que há de melhor em tecnologia, mas continuam atordoados pelas ciladas do aquecimento global, que gera estiagem do lado de cheia. E onde estão os carros menos poluentes? Cadê as estradas para que possam fluir?
É difícil, impossível mesmo, garantir sem correr o risco de errar como os financistas ou os homens do tempo que agiu errado quem esbanjou dinheiro no último mês do ano.
Ou, então, considerar acertada a opção de quem prefere ajudar na reconstrução de Santa Catarina aproveitando suas praias e a recepção calorosa dos moradores. As duas decisões são coerentes com uma lógica à qual estávamos acostumados e sobre a qual não refletíamos, pois faz parte nossas crenças. Mas só o tempo dirá quem agiu certo – e depois do veraneio.
Claro que pode ser ruim começar um novo ano diante da constatação de tanta impermanência. Mas certamente seria bom que tudo isso nos levasse a uma maior consciência sobre o que realmente é frágil e precisa mais de nossa atenção, como a natureza, e sobre um certo jeito de levar a vida, que até agora parecia imutável, mas não é.
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