terça-feira, 3 de maio de 2022


02 DE MAIO DE 2022
OPINIÃO DA RBS

VACINA SEGURA

Tão logo a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou a aplicação da vacina da Pfizer contra a covid-19 para crianças entre cinco e 11 anos, em meados de dezembro do ano passado, o país foi inundado por uma onda de desinformação. Mal-intencionados iniciaram uma campanha massiva de aterrorização via redes sociais sobre possível insegurança do produto, efeitos adversos e risco de morte. Supostos casos fatais ligados ao imunizante chegaram a mobilizar altas autoridades da República, que incrivelmente até pareciam ávidas pela confirmação de algum vínculo entre as doses e os óbitos.

Pois bem. O Ministério da Saúde divulgou na semana passada um boletim epidemiológico especial, com as conclusões das investigações relacionadas a 38 mortes notificadas como possível evento adverso grave. A análise incluiu crianças e adolescentes, de cinco a 18 anos. Em todos os casos foi descartada qualquer relação da vacina com a morte. O resultado apenas atesta mais uma vez a segurança dos fármacos, aliada à eficácia. "Até o momento, não há registro de EAPV (eventos adversos pós-vacinação) com desfecho óbito na faixa etária de cinco a menores de 18 anos com relação causal com as vacinas utilizadas", diz o boletim.

Mas não deixa de ser lamentável que a torrente de inverdades - muitas vezes devido à ignorância, outras à má-fé ou ao desatino ideológico - tenha, ao fim, levado à hesitação de um número considerável de pais e responsáveis. Apesar do esforço de esclarecimentos das autoridades da área da saúde, médicos e outros especialistas, permanece baixo o percentual de crianças de cinco a 11 anos vacinadas. Os dados do governo do Estado comprovam. No Rio Grande do Sul, quatro meses e meio depois da liberação, com ampla oferta nos pontos de aplicação, apenas 58% da população dessa faixa etária tomou a primeira dose. No intervalo de idade entre 12 e 17 anos, a taxa sobe para 90%.

O desejável é que, a partir desta confirmação de segurança, amplificada, mais crianças sejam protegidas, ajudando ainda a elevar a barreira comunitária contra a circulação do vírus da covid-19. O Brasil tem grande tradição vacinal, mas nos últimos anos a cobertura vem caindo para uma série de doenças. Algumas têm retornado.

Em uma tentativa de começar a reverter o quadro, sábado foi o chamado Dia D da vacinação contra a gripe e o sarampo em todo o país. O público-alvo da tríplice viral (sarampo) foram crianças de seis meses a menores de cinco anos e trabalhadores da saúde. Para a influenza, o foco esteve nos pequenos da mesma idade, nos trabalhadores da saúde e nos idosos acima de 60 anos. Vale lembrar que alguns municípios, como Porto Alegre, enfrentam dias de alta procura por emergências pediátricas devido a doenças respiratórias. Toda proteção é bem-vinda.

OPINIÃO DA RBS

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