14 DE MAIO DE 2022
ECONOMIA
Há seis anos fila do desemprego passa de 10 milhões de pessoas
Montante foi atingido em 2016. Hoje, 11,9 milhões de brasileiros, mais do que a população do RS, buscam vaga no mercado
A estabilidade da taxa de desocupação no país, em 11,1%, e em quase todos os Estados nos primeiros três meses do ano, reforça a persistência de um cenário desanimador enfrentado pelos brasileiros há exatos seis anos: a convivência com altos níveis de desemprego. Agora, são 11,9 milhões de pessoas fora do mercado de trabalho, o que equivale a pouco mais da totalidade da população do Rio Grande do Sul.
Os dados coletados entre janeiro e março de 2022 pela Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) Contínua, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgados na sexta-feira, não demonstram, na avaliação de muitos especialistas, a estabilidade dos saldos de vagas em território nacional ou a volta aos patamares pré-pandemia. Pelo contrário, apontam, sim, para a permanência de um quadro de estagnação que impede a acomodação de mais de 10 milhões de pessoas no mercado de trabalho e amplia os efeitos da retração para a economia.
Esse é o contingente de cidadãos que vive às margens do emprego no Brasil desde o primeiro trimestre de 2016. E, mesmo com algumas oscilações nas últimas amostragens do ano passado, de acordo com o coordenador da PNAD/IBGE no RS, Walter Rodrigues, chegar ao nível anterior ao da pandemia, em 2019, não pode "ser considerado um grande feito". Ele justifica a afirmação pela correlação estreita entre desemprego e produção:
- Vivemos um ciclo negativo: se a situação está ruim nos empregos, a população tem menos poder aquisitivo. Isso faz com que a economia não cresça. Uma economia que não cresce não contrata e ingressa-se num processo de retroalimentação desse mesmo ciclo.
Em meio ao espiral de problemas, Rodrigues destaca um fenômeno que também é bastante típico do Rio Grande do Sul. Trata-se da escalada de postos gerados na subcategoria dos trabalhadores por conta própria, ou os informais. Segundo ele, percebe- se, a partir de 2021, uma recuperação, "que inicialmente poderia parecer positiva", mas foi centralizada nesses grupos, isto é, os que recebem as piores remunerações.
Entre as causas, ele aponta a rápida saída do mercado de trabalho das pessoas que ganhavam menos, na pandemia. E acrescenta: rendimentos médios experimentaram elevação por período restrito, "pois os que recebiam menos deixaram de puxar a média salarial para baixo".
A partir do ano passado, diz Rodrigues, a curva inverteu. Informais retornaram e, outra vez, achataram os cálculos salariais. Esse é um dos fatores que levaram o rendimento médio apurado, de janeiro a março, ao patamar de R$ 2.548. Apesar do aumento de 1,5% em relação ao último trimestre de 2021 (R$ 2.510), a cifra é 8,7% inferior à registrada em igual período do ano passado (R$ 2.789).
RAFAEL VIGNA
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