sexta-feira, 20 de maio de 2022


20 DE MAIO DE 2022
CELSO LOUREIRO CHAVES

Compositores suecos e finlandeses

Agora que Suécia e Finlândia estão propondo entrar na Otan, alongando a crise das fronteiras europeias criada pela guerra na Ucrânia, é bom já ir perguntando: há compositores suecos e finlandeses de música de concerto? Cá entre nós, tanto uns quanto os outros perguntariam a mesma coisa da América distante: há compositores brasileiros e argentinos de música de concerto? Fora um biógrafo de Villa-Lobos, o finlandês Eero Taarasti, a música brasileira é tão desconhecida lá quanto a música deles aqui.

Há algumas décadas, no auge do CD como substituto do vinil, começaram a aparecer mais e mais lançamentos de compositores nórdicos e, claro, vieram os suecos e os finlandeses para completar o quadro que já incluía músicos estonianos, noruegueses e dinamarqueses. Sim, há música de concerto por aquelas bandas, assim como nas bandas de cá violinos, flautas, tímpanos e violoncelos fazem a festa da assim chamada música clássica.

Na Finlândia o nome grande é Jean Sibelius, que de tão célebre deu nome a um software de notação musical utilizado por compositores de todo o mundo e de todas as ideologias. Mas os CDs de décadas atrás foram revelando mais compositores, até chegarem a Kaija Saariaho, compositora de obra imensa que rivaliza com o seu antecessor ilustre e que para muitos - para mim, inclusive - já o superou. Entre um e outra, há muita música de concerto, muita ópera.

Um compositor de orquestrações deslumbrantes foi Einojuhani Rautavaara, música mais fácil de ouvir do que pronunciar o nome. Há Aulis Salinen e Leif Segerstam. Há Kalevi Aho dos concertos desbravadores - onde já se viu um concerto para tuba e orquestra? E Magnus Lindberg, que fica lado a lado com Kaija Saariaho na escrita de novidades musicais e transgressões sonoras.

E tem também a música de concerto da Suécia, não dá para esquecer. Que se mencione Hugo Alfvén ou Karl-Birger Blomdahl, um dos inspiradores do 2001 de Stanley Kubrick. Ou Bo Nilsson, vanguardista rigoroso de meados do século passado. Há muitos mais, menos vistosos do que os seus colegas finlandeses, é certo, mas com obras que vale a pena xeretar. É mais uma prova de que há muita música por aí, música que não se conhece e talvez nunca se tenha pensado em investigar. Música à espreita, ainda mais nesses momentos de agora, de tensões e invasões.

CELSO LOUREIRO CHAVES

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