segunda-feira, 23 de maio de 2022


23 DE MAIO DE 2022
OPINIÃO DA RBS

PREPARAR PARA A DECOLAGEM

Desde quinta-feira não existe mais um antigo obstáculo logístico do Rio Grande do Sul. Foi finalmente liberada para pousos e decolagens a pista ampliada do aeroporto Salgado Filho. Ao ganhar 920 metros, passa a ter 3,2 quilômetros e capacidade para operar aeronaves de maior porte, para cargas e passageiros, permitindo voos diretos mais longos partindo ou chegando a Porto Alegre. A disponibilização da estrutura pela Fraport, que fez a obra como obrigação do contrato de concessão, encerra uma espera de mais de duas décadas do Estado por uma infraestrutura aeroportuária condizente com as necessidades gaúchas.

Inicia-se agora uma etapa, também importante. É preciso começar a consolidar a Capital como ponto atrativo para essas rotas, o que deve exigir um trabalho de articulação entre poder público, empresários e entidades para negociar com as companhias aéreas a viabilização dessas novas linhas. O próximo passo não depende mais da concessionária, e sim das operadoras das aeronaves, embora a Fraport também seja interessada por ter ganhos com o aumento da movimentação de mercadorias e de passageiros no Salgado Filho.

O essencial, observam especialistas, é que o Rio Grande do Sul tem carga em abundância para justificar a criação de rotas mais longas, novas e mais frequentes. A grande luta das últimas décadas para tirar do papel a ampliação da pista foi para tornar mais competitivas as exportações aéreas do Estado. É um modal utilizado especialmente para produtos de maior valor agregado, que necessitam de agilidade para as entregas. O mesmo raciocínio vale para as importações.

A extensão anterior, que impedia a operação de aeronaves maiores, com carga plena e tanque cheio, fazia com que as exportações aéreas gaúchas tivessem de ser feitas, até agora, majoritariamente por terminais paulistas. Os números ilustram uma situação absurda, que há muito deveria ter sido revertida. Nos últimos cinco anos, de US$ 3,35 bilhões de vendas externas de empresas do Estado que embarcaram para o Exterior de aeroportos, apenas US$ 155,9 milhões, ou 5%, partiram do Salgado Filho. A necessidade de ter de levar as mercadorias de caminhão até São Paulo eleva os custos do negócio e mina a capacidade de concorrer. Agora, torna-se crível projetar que novos negócios sejam viabilizados e não há por que descartar inclusive a atração de cargas de Estados vizinhos.

É possível que ganhos semelhantes ocorram no transporte de passageiros, diminuindo a imposição de escalas em outras cidades do país, também com reflexo no preço da viagem ao Exterior. A agilidade dos deslocamentos será ainda um trunfo a mais na conquista de investimentos para o Rio Grande do Sul. Inaugura-se uma nova era, com a superação de um antigo gargalo logístico e, agora, o Estado passa definitivamente a contar com uma infraestrutura aeroportuária à altura de seu potencial, capaz de ser um fator propulsor do desenvolvimento gaúcho.

OPINIÃO DA RBS

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