sexta-feira, 13 de maio de 2022


13 DE MAIO DE 2022
OPINIÃO DA RBS

O FUTURO DA PETROBRAS

Periodicamente retorna a discussão sobre uma possível privatização da Petrobras. O debate ressurge agora, com a intenção manifestada pelo governo federal de dar início a estudos para desestatizar a petroleira. Não há motivo para que a hipótese seja um tabu. É salutar dar início a reflexões e análises mais profundas sobre a proposta, desde que seja um trabalho sério, transparente e compromissado com os verdadeiros interesses da sociedade, livre de qualquer viés.

Em tese, portanto, faz sentido o desejo do Palácio do Planalto. Deve-se alertar, no entanto, que uma eventual privatização da Petrobras não é nenhuma panaceia que fará, em um passe de mágica, os brasileiros encontrarem valores mais módicos dos combustíveis nas bombas dos postos. A disparada em curso dos preços da gasolina e do óleo diesel é um fenômeno global, embora fatores internos, como questões tributárias e a desvalorização do real, também contribuam para o quadro atual.

É preciso ter cautela, porém, com outras intenções que podem estar embutidas no plano do governo. A forma súbita como a ideia foi apresentada na quarta-feira à noite pelo novo ministro de Minas e Energia, Adolfo Sachsida, e reiterada ontem pelo seu colega da pasta da Economia, Paulo Guedes, abre margem para interpretações de que, no fundo, existiria apenas uma intenção do Executivo de erguer mais uma cortina de fumaça para tentar se livrar de responsabilizações, por parte da população, pela alta dos preços dos combustíveis. É um tema que tem dado recorrente dor de cabeça ao presidente Jair Bolsonaro, de olho no pleito de outubro.

A desconfiança quanto à possibilidade de a ideia prosperar ou andar em ritmo célere, como dão a entender as declarações dos ministros, está amparada em uma série de fatos conhecidos. Em primeiro lugar, são estudos demorados. Um possível convencimento do Congresso, que precisaria dar aval para a privatização da Petrobras, seria uma tarefa árdua. O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, deu ontem o tom, avisando que não há nada nesse sentido no radar do parlamento. O atual governo, aliás, a despeito de uma série de promessas, não conseguiu até hoje privatizar nenhuma estatal. Teve êxito apenas na venda de controladas e subsidiárias de empresas públicas. O outro fator decisivo é a própria eleição presidencial. Dependendo do escolhido pelas urnas, é uma ideia que pode simplesmente ser enterrada.

A campanha eleitoral, de qualquer forma, terá início nos próximos meses. Será a oportunidade para os candidatos mostrarem para a sociedade a sua visão sobre o destino da maior empresa brasileira. Inclusive à luz do futuro das fontes de energia de origem fóssil. O adequado seria a apresentação de propostas racionais e exequíveis, evitando-se acenos meramente eleitoreiros ou equívocos do passado que tornaram a companhia uma das mais endividadas do mundo e epicentro de escândalos de corrupção. Prossegue, ao mesmo tempo, a necessidade de Executivo e Congresso continuarem discutindo saídas coerentes com a complexidade do tema dos preços dos combustíveis.

OPINIÃO DA RBS

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