19 DE MAIO DE 2022
OPINIÃO DA RBS
PREVENIR É SEMPRE MELHOR
Felizmente, em especial para os gaúchos que vivem nas regiões litorâneas e em toda faixa leste do Estado, não se materializaram os piores cenários possíveis traçados por especialistas como consequência da tempestade subtropical Yakecan. Um alívio, sem dúvida, tendo em vista as possibilidades aventadas nos primeiros dias de formação do fenômeno climático de rajadas de vento com velocidade acima de 120 quilômetros por hora, que poderiam varrer a costa do Rio Grande do Sul. Mas é lamentável que o fato de as hipóteses de danos mais graves não terem se confirmado tenha servido para o surgimento de críticas infundadas sobre os serviços de previsões meteorológicas, os alertas disparados e as precauções aconselhadas pelos órgãos de defesa civil.
Se afortunadamente não se concretizou o potencial destruidor da tempestade, isso não significa que os meteorologistas deveriam deixar de informar as probabilidades mais drásticas. Pelo contrário. Cumpriram com o seu dever. O mesmo fez a Defesa Civil, em suas várias instâncias, comunicando as medidas preventivas necessárias para evitar prejuízos, transtornos e mesmo riscos à integridade física da população. Uma pessoa morreu no Uruguai devido à tempestade. Além disso, tratou-se de um fenômeno que, pelas características incomuns na região e pela magnitude, chamou a atenção inclusive de profissionais e institutos do hemisfério norte.
Também é inequívoco que, dentro dos intervalos de precisão, que variam de acordo com o horizonte temporal à frente, a meteorologia acertou. Em vários pontos foram observados ventos de pelo menos 100 quilômetros por hora, a tempestade cumpriu a trajetória projetada e chegou aos diferentes pontos da costa do Estado de acordo com os horários estimados. Vários municípios litorâneos ficaram às escuras.
Assim, agiram corretamente os órgãos públicos que emitiram os alertas, as concessionárias de serviços básicos que elevaram o nível de prontidão para atender problemas como corte no fornecimento de energia e as escolas que, acauteladas, suspenderam aulas. Mesmo as ruas de cidades como Porto Alegre ficaram mais vazias na tarde de terça-feira, um sinal de que a população entendeu os riscos. Alagamentos, queda de árvores, destelhamentos, falhas em semáforos e falta de luz foram os principais contratempos observados nos municípios gaúchos mais atingidos pela tempestade.
A circunstância de não terem ocorrido os grandes estragos possíveis não deve servir de pretexto para que, nos próximos episódios semelhantes, se desdenhe dos avisos e dos cuidados necessários. O planeta passa por um período de aquecimento, com mudanças climáticas. Cientistas vêm alertando para o aumento da frequência de eventos extremos de toda ordem. Neste cenário, investir em previsão do tempo e fortalecer os sistemas de Defesa Civil e de sobreaviso para desastres será uma necessidade inescapável. Prevenir é sempre melhor do que pagar o custo da imprevidência.
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