12 DE MAIO DE 2022
CHAMOU ATENÇÃO
Não pode pagar? Leve de graça
Sem caixa registradora, maquininha de cartão ou etiqueta com preço. Sistema de segurança, tampouco - foi substituído por um guardião especial, como indica a única placa da banca instalada na Estrada Jorge Pereira Nunes, no bairro Campo Novo, zona sul de Porto Alegre: "Não temos câmera, nosso vigia é Deus".
A quitanda, que recebe contribuições espontâneas, é de Sildo Mundt, 66 anos, caseiro de um sítio no local. O anúncio descreve também a forma como o comércio funciona: "Pegue as frutas que precisar e deixe a contribuição que achar justo. Se não tiver o que dar, pode pegar o que precisar".
- É para ajudar. Muita fruta acabava estragando, e eu vejo que tem gente que não pensa no próximo. Joga fora em vez de doar. Se todo mundo fizesse um pouquinho disso, o mundo seria melhor - afirma.
Mundt é natural de Agudo, município da região central do Estado. Conta que, ao ver vizinhos em dificuldade na área rural da Capital, teve a ideia de repartir a colheita, que em alguns dias inclui aipim, chuchu, banana e mamão, além de laranja, limão e bergamota.
Na manhã de segunda-feira, o ponto recebeu visitas antes das 7h: um morador da região perguntou quanto custava o quilo dos frutos. Ouviu que poderia deixar o que quisesse ou levar de graça. O homem então encheu uma sacola e colocou R$ 2 no cofrinho.
Mundt vive sozinho. Ou melhor: tem a companhia de 10 gatos e outros tantos cães, pássaros, marrecos e de uma vaca de leite. Provocado se trocaria o sossego do local de pouco trânsito, acessado por uma via de chão batido, disparou:
- Me colocar em um apartamento? Seria o mesmo que me botar em uma prisão.
TIAGO BOFF
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