04 DE MARÇO DE 2022
OPINIÃO DA RBS
PANDEMIA, DOR E ESPERANÇA
O Brasil chegou, quarta-feira, a 650 mil mortes por covid-19, consolidando-se na indesejável segunda posição em números absolutos de vítimas fatais, atrás apenas dos Estados Unidos. Atingir a marca funesta serve para lembrar que, enquanto todas as atenções se voltam para a guerra na Ucrânia, ainda é preciso manter as defesas em alerta para combater o vírus responsável por ceifar quase 6 milhões de vidas em todo o planeta.
O novo coronavírus segue circulando e causando uma quantidade elevada de casos devido à alta capacidade de contágio da variante Ômicron, mas felizmente, graças especialmente às vacinas, o número diário de mortes não acompanhou o mesmo ritmo da escalada das infecções, poupando dor para milhares de famílias brasileiras. Nos últimos dias, observa-se um nítido arrefecimento da doença, indicando que o pior momento, ao menos relacionado à cepa identificada pela primeira vez na África do Sul, ficou para trás.
Especialista respeitado, o infectologista Julio Croda, pesquisador da Fiocruz e presidente da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical, projeta que o país não terá uma nova enxurrada de casos pós-Carnaval pelo menor número de pessoas suscetíveis e por uma mobilidade não tão superior à que vinha sendo registrada. Mas isso, ressalta ele, vale para o contexto atual de dominância da Ômicron e para um período de aproximadamente quatro semanas.
Segue essencial, portanto, o incentivo para que se amplie a cobertura vacinal, além da manutenção dos cuidados pessoais, como o uso da máscara. O país está com 72% da população imunizada com duas doses ou com a aplicação única, no caso do produto da Janssen. No Rio Grande do Sul, a taxa é um pouco maior, da ordem de 75%. No caso da dose de reforço, os percentuais são de 30% e 33%, respectivamente. É uma abrangência que precisa subir significativamente para aumentar as esperanças de debelar a pandemia e proteger mais pessoas do risco de casos graves e que levem à morte. As estatísticas, lembram especialistas e autoridades de saúde, mostram que as complicações e óbitos estão ocorrendo basicamente entre não vacinados e pessoas sem o esquema completo.
É compreensível que, nos últimos dias, o conflito no Leste Europeu tenha monopolizado as atenções. A covid-19, no entanto, segue matando no Rio Grande do Sul e no Brasil, o que requer a manutenção dos esforços para ampliar a vacinação. Inclusive entre as crianças. Até agora, 45% deste público, entre cinco e 11 anos, recebeu a primeira dose no Estado. Deve-se reconhecer o avanço recente, mas é necessário elevar a taxa, ainda mais devido à volta às aulas.
A controvérsia mais recente no Rio Grande do Sul é sobre a decisão do Piratini de desobrigar o uso de máscaras por crianças com menos de 12 anos. A utilização passou a ser uma recomendação. É de se esperar, portanto, que prevaleça o bom senso, em nome da proteção individual e do respeito aos demais que compartilham o mesmo ambiente.
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