09 DE MARÇO DE 2021
INFORME ESPECIAL
O tamanho da fila da esperança
Existe um indicativo que merece mais atenção. O número de pacientes internados em UTIs é uma informação relevante, não resta dúvida. Mas o tamanho da fila é mais importante. Ontem, no começo da tarde, havia 171 esperando leitos de cuidados intensivos em Porto Alegre. No final do dia, já eram 185. Se fossem duas, ou três, a ocupação das UTIs - mais de 100%, na média - não seria tão dramática.
Antes de desafogar as UTIs, precisamos reduzir as filas. Para isso, é preciso frear a contaminação. Todo mundo sabe como, mas sempre é bom repetir: máscara, higiene das mãos, circular apenas o essencial, etiqueta respiratória. E vacina. Já existe a cura. Se o governo federal é lento, cabe aos Estados, municípios, empresas, entidades e cidadãos reagir. Os defensores da liberdade individual alojados em Brasília deveriam ser os primeiros a defender a tese que as pessoas têm o direito a se vacinar e a buscar a vacina se quem deve fazer demora ou não faz.
O espírito de porco Gre-Nal
É absurdo o que aconteceu em Porto Alegre depois de Inter e Grêmio deixarem escapar as vitórias na última rodada. Esperei passar a final da Copa do Brasil para escrever esse texto. Não queria parecer um colorado magoado. Até estava, mas não é isso que me move nesse momento.
O que se viu e ouviu na Capital dos gaúchos depois de Flamengo e Palmeiras se sagrarem campeões é triste: carros buzinando nas ruas, foguetório e gritos de vizinhos debochando e agredindo uns aos outros. Gremistas alegres com a derrota do Inter. Colorados felizes com o fracasso do Grêmio. Até aí tudo bem, não sejamos cínicos. Mas o que me choca é a expressão pública desse sentimento, da forma como foi feita por alguns. Não foram poucos. Entendo que a flauta corra solta nos grupos de amigos e de familiares, onde as regras são claras e as brincadeiras dirigidas a quem quer brincar. Mas festejar publicamente, aos berros? É muito espírito de porco. Ainda mais em um momento em que nossas UTIs estão lotadas. É a falta de empatia levada ao seu extremo de desumanidade.
Fico imaginando uma criança, colorada ou gremista, já deprimida pelo momento, socada em casa pela pandemia, e que teve no sonho de título do seu clube mais uma esperança frustrada. Como ela se sentiu ao ouvir a algazarra sádica depois da derrota?
Sinto vergonha e desprezo pelos colorados e gremistas que protagonizaram esse fiasco público. Que seria deprimente em tempos normais, mas assume ares de monstruosidade no momento em que vivemos.
Novos desafios
Superintendente regional da Câmara Americana de Comércio - Porto Alegre, Marcelo Rodrigues passa agora também a desempenhar a função de Diretor de Inovação da Amcham Brasil. O gaúcho lidera projetos como a Lab Community, uma comunidade nacional de ecossistemas de inovação do país.
MP lança "botão do pânico" para mulheres
O Ministério Público do RS lança hoje um "botão do pânico" para mulheres vítimas da violência. O aplicativo dispara mensagens de SMS para contatos cadastrados pela usuária, com pedidos de socorro e informações sobre a localização aproximada da vítima, baseadas no GPS do celular.
O design e o nome do aplicativo não serão divulgados, para que possa passar despercebido na tela dos celulares. As informações sobre o serviço serão repassadas diretamente às usuárias, durante os atendimentos e nas audiências que tenham participação de representantes do MP.
O app foi desenvolvido em conjunto pela Subprocuradoria-Geral de Justiça de Gestão Estratégica, Centro de Apoio Operacional de Direitos Humanos e Unidade de Aplicativos e Internet da Divisão de Tecnologia de Informação e Comunicação.
Conhecimento
O empreendedor do Vale do Silício e professor de Stanford Steve Blank participará de evento gratuito e transmitido ao vivo pelo Facebook da PUCRS. A live será mediada pela equipe do Tecnopuc Startups nna sexta-feira, às 16h30. Blank é considerado o pai do empreendedorismo moderno. Para inscrições, acesse http://gzh.rs/3cef1t3.
Cinco perguntas que restam sobre a anulação das condenações de Lula
Sob o impacto da surpresa, especialistas em direito tentam compreender o embasamento da decisão que anulou as condenações de Lula na Lava-Jato. Mesmo que o ministro do STF Edson Fachin tenha tratado de alguns pontos em seu despacho, restam dúvidas. Há a convergência em que, por enquanto, o efeito político é igual ou maior do que o jurídico. A decisão será alvo de recurso. Colhi as seguintes indagações:
Por que agora?
Por que uma decisão monocrática?
Com que base, uma vez que o tema da competência já havia sido analisado pelos tribunais superiores?
O que acontecerá com os outros processos vinculados à Lava-Jato, como as delações premiadas que resultaram na devolução de bilhões da corrupção. Esses valores serão devolvidos? A quem? Aos corruptos e corruptores?
E se, com os processos voltando à estaca zero, a prescrição prevalecer e, com ela, a impunidade?
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