Tribunal decreta falência do grupo Evergrande
Um tribunal de Hong Kong ordenou ontem a liquidação do endividado grupo imobiliário chinês Evergrande, por considerar que a companhia não apresentou um plano convincente de reestruturação. A decisão da juíza Linda Chan, do Alto Tribunal de Hong Kong, dá início a um processo que inclui a liquidação dos ativos da empresa e substitui os executivos do grupo para tranquilizar os credores.
Evergrande, a maior incorporadora imobiliária da China, acumulou dívidas e registra um passivo de mais de US$ 300 bilhões (R$ 1,475 trilhão). O credor Top Shine Global apresentou em 2022 um pedido de liquidação, mas o caso se arrastava enquanto as duas partes tentavam negociar um acordo.
"Diante da óbvia ausência de avanços por parte da empresa para apresentar uma proposta de reestruturação viável (...) considero apropriado que o tribunal emita uma ordem de liquidação contra a empresa e assim a ordeno", decidiu a juíza Chan.
Liquidantes
A Evergrande deveria discutir a proposta revisada com os credores, obter uma opinião jurídica e consultar as autoridades chinesas, "mas nada disso aconteceu", afirmou Chan. A juíza escreveu que os interesses dos credores seriam "melhor protegidos" se a empresa fosse dissolvida e liquidantes independentes pudessem administrar o grupo para proteger os ativos e reestruturar da maneira necessária.
Edward Middleton e Tiffany Wong, do escritório de advocacia Alvarez & Marsal, foram nomeados por Chan como liquidantes.
O CEO da Evergrande, Shawn Sui, chamou a decisão do tribunal de "lamentável". O advogado da empresa, Jose-Antonio Maurellet, defendeu ontem a última proposta da companhia e rebateu as acusações de que o grupo agiu de má-fé.
As ações da incorporadora registraram queda expressiva de 20% na bolsa de Hong Kong e as negociações de seus títulos foram interrompidas. A cotação da filial de veículos elétricos do grupo também foi interrompida.
A decisão judicial, no entanto, não provocou grande impacto nos mercados asiáticos em geral, com altas nas bolsas de Hong Kong e Xangai.
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