sábado, 20 de janeiro de 2024


Por que o retorno da energia é tão desigual

Durante o longo processo de restabelecimento da energia elétrica na área afetada pelo temporal, um fenômeno chama a atenção em cidades como Porto Alegre. Em alguns lugares, enquanto a luz voltou em um determinado ponto, casas localizadas a poucos metros de distância seguiam às escuras.

A razão fundamental para a possível diferença de cenário entre vizinhos é que a malha de distribuição de energia não é uma estrutura completamente única e homogênea, mas conta com subdivisões, a exemplo de áreas que são atendidas por diferentes transformadores - equipamentos que costumam ficar no alto de postes com a função de ajustar a tensão antes do percurso final até o consumidor.

Cada transformador pode atender a um número variável de consumidores, e moradores de uma mesma rua podem estar conectados a aparelhos diferentes. Por isso, se um transformador for religado antes de outro localizado nas proximidades, um morador poderá contar novamente com a luz antes de parte dos vizinhos.

- Um transformador mais potente pode dar conta de um número maior de casas, principalmente quando não exigem carga muito elevada. Nesse caso, pode atender várias ruas. Se o transformador tiver menos potência ou a carga demandada pelos consumidores for maior, atende área menor, que pode ser um prédio grande - explica o engenheiro eletricista e de segurança do trabalho Renê Reinaldo Emmel Júnior, conselheiro titular e coordenador adjunto da Câmara de Engenharia Elétrica do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Estado do Rio Grande do Sul (CREA-RS).

A diferença de tempo para a luz ser restabelecida também pode ser ampliada pelo tipo de dano ocorrido. Durante um temporal, a interrupção no abastecimento pode ser provocada por um curto-circuito ocasionado pela queda de uma árvore.

Nesse caso, essa rede é desligada automaticamente até como forma de proteção contra dano mais grave e para segurança da população. Se o galho ficar preso à fiação, terá de ser removido antes de a rede ser reenergizada. Além disso, se o transformador acabar queimando por conta de sobrecarga ou descarga atmosférica, por exemplo, será necessária troca de equipamento que tende a levar mais tempo.

Há outras possibilidades, cujo impacto depende do ponto do sistema elétrico que for atingido durante a tempestade. Se o dano provocado pelo temporal envolver linhas de alta tensão que atendem a vários transformadores, por exemplo, uma área bem mais ampla da cidade ficará sem energia.

MARCELO GONZATTO 

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