20 DE JANEIRO DE 2024
EFEITOS DA CHUVA
Apagão gera revolta e pressiona CEEE
Lentidão no restabelecimento da energia depois do temporal cria cerco político e jurídico contra companhia privatizada
Há dois anos e seis meses sob controle do grupo Equatorial, a CEEE vive sua pior crise de imagem. As queixas à atuação da empresa se acentuaram após a lentidão na resposta ao temporal que deixou 600 mil clientes sem energia na terça-feira, colocando a maior distribuidora do Rio Grande do Sul no centro de um cerco político e jurídico. Enquanto o Ministério Público (MP) e a Defensoria Pública ameaçam com ações judiciais, duas CPIs para investigar a operação da companhia estão sendo gestadas na Assembleia Legislativa e na Câmara de Vereadores de Porto Alegre.
A cobrança mais incisiva partiu do procurador-geral de Justiça, Alexandre Saltz. Em três horas de reunião com a direção da CEEE na quinta-feira, o chefe do MP interrompeu várias vezes a apresentação feita pelo presidente da companhia, Riberto Barbanera.
- Em um Estado polarizado como o nosso, seja na política e no futebol, vocês conseguiram a proeza de unir os gaúchos em um sentimento de ódio contra a empresa - disse Saltz.
Acompanhado de um gerente jurídico e de um responsável técnico, Barbanera prometeu soluções de curto prazo. Na segunda- feira, o MP deve entrar com ação de reparação por danos morais difusos.
Outro objetivo da ação será garantir a indenização dos consumidores individualmente atingidos. Ao todo, há 14 inquéritos e ao menos duas ações judiciais contra a CEEE.
- É preciso melhorar os planos de contingência para que haja atendimento mais imediato à população para que as pessoas não fiquem dias sem energia elétrica, com comida apodrecendo nas geladeiras. Há prejuízo de pessoas físicas, mas também de pessoas jurídicas, negócios estão fechados - disse o promotor de Justiça de Defesa do Consumidor de Porto Alegre, Luciano Brasil.
Prazo
Enquanto o grupo conversava, cerca de 100 mil clientes ainda estavam sem luz na Capital e, nos prédios vizinhos, servidores do Tribunal de Justiça eram liberados do trabalho em razão da oscilação da energia, com constantes quedas durante o dia.
Em outro flanco, a Defensoria deu prazo de cinco dias para a CEEE informar as medidas adotadas para mitigar os efeitos da tempestade, em comparação com a resposta dada em eventos climáticos anteriores. Para o defensor público Rafael Magagnin, do Núcleo de Defesa do Consumidor, a companhia precisa sobretudo melhorar o atendimento no momento em que o cliente notifica falta de luz.
Nenhum comentário:
Postar um comentário