27 DE JANEIRO DE 2024
FLÁVIO TAVARES
VIVENDO E APRENDENDO
Existem velhos refrões que, em qualquer idioma, expressam verdades incontestáveis, cuja importância sequer notamos ou reconhecemos. "Vivendo e aprendendo" é um deles e, agora, ressurge na memória em função de dois episódios recentes que mostram a grandeza da solidariedade.
O primeiro é a ponte construída no pequeno município de Nova Roma. Desatendidos pelos governantes, os habitantes substituíram a inação governamental pela solidariedade, e cada um deles doou algo para construir a ponte de ferro que tirou a cidade do isolamento.
Houve grandes e pequenas doações. Alguns aportaram milhares de reais, ao lado de outros que podiam ajudar, apenas, com o que mais parecia uma soma de centavos. Cada qual com suas possibilidades, alcançaram as necessidades. Tudo convergia para um único fim e todos sentiam-se irmãos.
A pequena Nova Roma executou materialmente o Hino Rio-Grandense, não só na cantoria das solenidades. Tornou-se "modelo a toda Terra", na "ímpia e injusta guerra" imposta pelo individualismo da sociedade de consumo.
Outra materialização do "vivendo e aprendendo" foi o comportamento das pessoas na tempestade que assolou a Capital e outros pontos do Estado. Em algumas ruas em que as árvores caídas impediam o trânsito, os moradores retiraram os galhos um a um, antecipando-se ao trabalho da prefeitura.
Na falta de eletricidade (que se prolongou por vários dias em muitas regiões) outro episódio refletiu a visão de solidariedade. Dias após a tempestade, este jornal publicou na capa a foto de um homem exibindo o cartaz "queremos luz". No entanto, nele não se expressava um protesto individual. Era a solidariedade vivida como reivindicação.
Mas há também o oposto disso tudo. Ao privatizar a CEEE, o Estado deu longo prazo para a nova empresa enterrar a rede elétrica da Capital, sem considerar ciclones e tempestades devido à crise climática. Assim, a atual rede transformou-se num perigo, tal qual a tempestade, pois as árvores caídas podem colidir com os fios à mostra.
Horror maior, porém, foi a aparente fraude de milhões de reais perpetrada na Secretaria de Educação de Porto Alegre. O suposto roubo envolveria a ex-titular Sônia da Rosa e Xandão, presidente afastado do MDB da Capital.
Será um novo vivendo e aprendendo?
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