sábado, 13 de janeiro de 2024


Plano opõe as metades norte e sul do Estado

Defendido por empresários da Serra e visto como trampolim para o desenvolvimento pela prefeitura de Arroio do Sal, o plano de se construir um porto no Litoral Norte também enfrenta contestações no Rio Grande do Sul. Os questionamentos mais veementes vêm da Metade Sul - principalmente de Rio Grande, onde fica hoje o principal porto gaúcho.

Um dos temores é de que, em vez de atrair carga de outros Estados, o Meridional comprometa a sustentação dos três embarcadouros existentes hoje no Estado por meio de uma competição interna. Empresários de Caxias do Sul, de outra parte, estão entre os principais entusiastas da ideia por entenderem que uma nova estrutura na Metade Norte aumentaria a competitividade do Estado em relação a locais como Santa Catarina, que conta com cinco portos litorâneos de maior porte.

- A engenharia permite qualquer coisa, mas vejo dificuldades enormes envolvendo esse projeto do Porto Meridional. Não tem acesso (viário) e envolve questão ambiental extremamente complexa. Seria muito melhor olhar para o porto de Rio Grande e atender às necessidades que ele tem - diz o presidente da Câmara de Comércio do município e do Tecon Rio Grande, Paulo Bertinetti.

Cristiano Klinger, presidente da Portos RS, empresa pública que administra unidades em Rio Grande, Pelotas e Porto Alegre, sustenta que, em menos de dois anos, foram aplicados ou contratados investimentos de R$ 350 milhões para o sistema portuário existente hoje no Estado - que considera bem estruturado para dar conta da demanda atual:

- Nosso complexo inclui três portos públicos, nove terminais arrendados e 22 privados. Quando falamos em escoar nossa produção, Rio Grande dá conta e ainda há espaço para incremento. Temos investimentos públicos e privados para dar conta desse crescimento.

Captação

Estudo feito a pedido da Portos RS e encaminhado à Antaq aponta, com base em dados da própria Meridional, que Arroio do Sal poderia captar 30% da carga direcionada atualmente a Rio Grande, 25% do volume de Pelotas e 75% da fatia destinada à Capital

Sobre os aspectos ambientais, o professor do Instituto de Biociências da UFRGS e membro da coordenação do Instituto Ingá, Paulo Brack, diz que há riscos:

- Há uma tremenda preocupação ambiental, tanto pela preservação de animais marinhos como baleias e golfinhos que circulam pela região, quanto pela ameaça a uma zona costeira que é muito sensível e tem espécies ameaçadas. Achamos que aquela área, de mar aberto, não tem vocação para porto. É preciso trazer muita rocha para fazer um píer. 

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