04
de março de 2014 | N° 17722
PAULO
SANT’ANA
Um julgamento histórico
Os
principais condenados no mensalão, entre eles José Dirceu e José Genoino, foram
agora absolvidos pelo Supremo, em votação histórica em que se verificou o
escore de seis a cinco.
Foram
decisivos para essa contagem e o rumo que ela tomou os dois votos dos juízes
recentemente nomeados: o catarinense Teori Zavascki e o fluminense Luís Roberto
Barroso, que votaram pela absolvição, fazendo cair assim por terra a condenação
anterior, de cuja votação ambos não participaram.
No
meu entender, essa decisão é grandiloquente para afirmar a tese, da qual sou
partidário, de que a escolha dos ministros do Supremo não pode ser feita pelo
presidente da República.
Nesse
caso, conhece-se a integridade moral do nosso ministro Teori Zavascki,
comprovada em sua carreira exitosa como magistrado. Ele jamais mudaria seu voto
para agradecer ou pagar sua nomeação recente como integrante do Supremo.
No
entanto, levantou-se a dúvida sobre isso entre os espíritos mais céticos e
realistas, do que a cobertura da votação na imprensa foi farta, com muita gente
importante acreditando que os dois votos foram encomendados.
Não
foram.
Mas
restou a dúvida.
Eu
sou pela nomeação dos ministros do Supremo sem escolha política, quanto mais não
seja para proteger os próprios ministros do Supremo da desconfiança de que
podem votar a pedido do governo que os nomeou.
Não
fossem os ministros do Supremo escolhidos a dedo pelo presidente da República,
desapareceria completamente essa dúvida.
Com
essa última decisão polêmica, José Dirceu e José Genoino, além de outros réus
antes condenados e agora absolvidos, em breve, quase certo que ainda neste ano,
se livrarão de ter de ser recolhidos à prisão por anos a fio.
Serão
soltos logo em seguida e a severidade pregada pelo ministro Joaquim Barbosa
também ruiu por terra. Depois desse último julgamento, o presidente da Corte
Suprema foi veemente na crítica à absolvição definitiva dos réus pelo delito de
formação de quadrilha.
Era
de ver-se a revolta não contida do ministro Joaquim Barbosa após o julgamento.
Eis
o que ele disse: “Inventou-se agora um conceito fantasioso e discriminatório
para o crime de quadrilha”.
Barbosa
declarou que ouviu agora, entre os votos absolutórios, “eu não acredito que os
réus tenham se reunido para a prática dos crimes”. E completou Barbosa: “Há dúvida
de que tenham se reunido? E de que essa reunião perdurou por três anos?”.
Este
colunista vota por dar razão ao atual presidente do Supremo, a não ser que me
interponham embargos infringentes.
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