terça-feira, 4 de fevereiro de 2014


04 de fevereiro de 2014 | N° 17694
DAVID COIMBRA

Gisele no parque

Os americanos chamam a Gisele Bündchen de “Djisell”. Ela mora em Boston. Outro dia, usava suas longas pernas douradas para correr em um parque da cidade, fiquei sabendo. Não pela imprensa daqui; pela imprensa daí.

Não fui vê-la. Tenho mais a fazer do que ver a Djisell correndo.

Em Boston, Djisell pode correr ou fazer polichinelo no parque sem ser incomodada pelos fãs, porque o astro de verdade é o marido dela, Tom Brady, jogador do New England Patriots. O Patriots perdeu antes de chegar ao Super Bowl no que se poderia chamar de semifinal, dias atrás. A derrota foi motivo de dolorosa decepção na cidade.

Mas Boston tem outros times, em outros esportes, o consolo chega rápido. Os americanos são assim, eles gostam de vários esportes, não são como os brasileiros, que só querem saber de futebol, futebol, futebol.

Na verdade, os americanos gostam de emoções. Estão sempre procurando-as, como o Roberto Carlos. Estão sempre tentando colorir a vida. O problema é o exagero. Filmes com efeitos especiais demais, com perseguições de carros demais; comidas com molhos demais, com frituras demais; mulheres com peitos demais.

O esporte também tem de ser assim, intenso. Por isso o futebol demora tanto a cair no gosto popular. O futebol é um jogo de uma hora e meia, que às vezes é lento, pastoso e, que horror!, termina em zero a zero. Para eles, aborrecido como uma litúrgica refeição francesa. Ou, pior, como um filme francês. Compreendo os americanos. Algumas das experiências mais maçantes da minha vida deram-se diante de uma tela em que passava um longuíssima-metragem francês. Um ou dois filmes do Godard me deram vontade de sair correndo e gritando do cinema.

Mas, voltando aos esportes intensos apreciados pelos americanos, uma noite dessas soube que os Boston Bruins iam enfrentar os Florida Panthers. São dois times de hóquei no gelo, esporte muito apropriado para esses tempos em que a temperatura é de 10 subzero no Grande Irmão do Norte.

Decidi que ia ver esse jogo. Só que não do ginásio; de um sports bar, como fazem muitos americanos sedentos. Foi o que fiz. Entrei, sentei-me ao balcão e pedi um Jim Beam com duas pedras de gelo. O jogo ia começar. Todos torciam para os Bruins. O que significará Bruins? Perguntei àquele que tudo sabe, o Google, e o Google não sabia. Isso me deixou mais aliviado. Se o Google não sabe o que é Bruins, por que eu haverei de?

O disco deslizou. Será que é assim que se diz? O disco deslizou? O que quero dizer é que o jogo começou. Logo percebi que os Bruins são adeptos do hóquei-arte, enquanto os Panthers praticam o hóquei-força. Os Bruins são muito habilidosos. Dominaram a partida com alguma facilidade, trocaram passes envolventes e acantonaram os Panthers em volta da goleirinha deles. O jogo é frenético, impossível desviar o olhar da TV. O disco não para. As coisas acontecem em sucessão, uma engatada na outra. Os Bruins venceram por 6 a 2 e eu saí do sports bar quase sem fôlego. Que partida! Resolvi que vou me tornar um adepto do hóquei no gelo. Emoções. Como o Roberto e os americanos, também quero emoções.

A final de 94
Dia desses passou de novo a final da Copa de 94 entre Brasil e Itália. Aquele zero a zero. Claro, não consegui ver todo o jogo, só uns nacos. Mas foi o suficiente para recordar que se tratou de uma das piores e mais chatas partidas de futebol que assisti em toda a minha vida. E aconteceu nos Estados Unidos, na Copa americana. Imagino que aquele jogo deva ter atrasado o desenvolvimento do futebol nos Esteites em uns 20 anos.

Grêmio: nada mudou

Vi a escalação do Grêmio contra o Juventude. É o time que deve enfrentar a Libertadores. O que há de acréscimo em relação ao treinado por Renato? Edinho, nada mais. Olhando assim, por cima, parece uma equipe frágil, desprotegida, carente de criatividade. Para o Grêmio ter sucesso em 2014, só se Enderson for um mago do futebol.

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