02 de fevereiro de 2014 | N° 17692
DESTINO
NOVA
YORK É UM LUXO
Se antes brasileiros economizavam na estadia para gastar em
compras, agora hospedar-se com requinte e elegância já faz parte do rol de
prioridades
A cidade que não dorme é o segundo destino preferido pelos
turistas brasileiros no Exterior Nova York só fica atrás de Orlando na
preferência nacional. Em 2012, segundo a empresa de turismo norte-americana NYC
& Company, gastamos US$ 2,4 bilhões em compras no varejo e em
entretenimento em NY o que nos garantiu o posto de primeiro lugar na lista de
consumidores estrangeiros na cidade. Essa generosidade do viajante brasileiro
chegou também ao cintilante mercado de luxo de uma das cidades mais elegantes
do planeta.
– De três anos para cá, os brasileiros vêm dobrando sua
presença em Nova York anualmente. Antes, gastavam bastante comprando, mas
economizavam na estadia. Isso está mudando. Hoje, eles ocupam a sexta posição
entre nossos hóspedes – revelou para Donna o inglês Paul Nash, gerente geral do
The St. Regis New York, um dos mais luxuosos hotéis da Big Apple.
Localizado em um endereço exclusivíssimo, na Quinta Avenida
com a Rua 55, a apenas quatro quadras do Central Park, o St. Regis é testemunha
durante o século 20 da transformação de Nova York em uma metrópole sofisticada.
No prédio de 20 andares em estilo setecentista francês, cultuados artistas e
celebridades, reis e presidentes hospedaram-se, jantaram ou beberam Bloody Mary
– o drinque foi inventado lá dentro, atrás do balcão do King Cole Bar (confira
a receita oficial do coquetel na página 21).
Inaugurado em 1904, o St. Regis foi construído por John Jacob
Astor IV (1864 – 1912), um dos homens mais ricos dos Estados Unidos em sua
época, que morreu durante o naufrágio do Titanic. Por seus 238 quartos, já
passaram a atriz e cantora alemã Marlene Dietrich, o príncipe Harry, o mestre
do suspense Alfred Hitchcock, a presidente Dilma Rousseff e o pintor espanhol
Salvador Dalí, acompanhado de Gala, sua mulher e musa, e de Babou – uma
jaguatirica.
“Babou fazia companhia enquanto o artista pintava suas telas
em seu quarto ou no famoso salão de baile na cobertura do St. Regis. Os
passantes podiam se sentir ameaçados pelos inusuais diálogos entre o
extravagante dono e seu bicho de estimação. Uma testemunha certa vez escutou
uma quebradeira vindo de detrás das portas fechadas do salão de baile, seguida
de Dalí gritando: ‘Eu quero que você seja afável e silencioso – como uma
jaguatirica!’”, escreveu a jornalista Lesley M. M. Blume no livreto sobre o
hotel It Happened Here, lembrando a passagem do excêntrico artista pelo local,
onde ocupou a suíte 1.610 entre os anos 1950 e 1960.
Recentemente, o centenário St. Regis NY passou por uma ampla
reforma, que redesenhou quartos e suítes. Cômodos e corredores foram
repaginados por uma empresa de arquitetura e de design de interiores, renovando
pisos, papéis de parede, mobiliário, instalações elétricas e sanitárias – sem
alterar, porém, o visual classudo característico do hotel.
– Percebemos que a clientela estava achando o St. Regis um
tanto antiquado. Nosso objetivo foi modernizar nossa imagem para agradar
mercados novos, como os sul-americanos e, especialmente, o brasileiro –
explicou o gerente geral, lembrando que atualmente metade da equipe do hotel é
internacional: – Temos funcionários de 45 nacionalidades diferentes. Aqui se
fala 16 línguas.
A reportagem do Donna teve a doce tarefa de conferir o
resultado do banho de loja multimilionário, hospedando-se em uma de suas suítes.
Não é fácil sair do apartamento: das peças de mármore no banheiro aos tecidos
suntuosos das cortinas e da roupa de cama, do bom gosto da decoração
personalizada – que inclui fotos de Nova York clicadas por Janet Arsdale e
Hampton Hall – à tecnologia de ponta em aparelhos eletrônicos e iluminação,
tudo conspira para que o hóspede entregue-se ao conforto requintado. A mordomia
inclui literalmente mordomo – um por andar, inclusive o brasileiro Adalberto
Macedo, paulista que trabalha há 30 anos com hotelaria em Nova York.
Um dos destaques do St. Regis são as suítes especiais, como
a Imperial e a Presidencial – que tem 325 metros quadrados. Resultado da
parceria com empresas de luxo, outras três suítes levam os nomes de grifes
cobiçadas, decoradas de acordo com o conceito de cada marca: Dior (há 20 anos
Elton John hospeda-se nesse quarto sempre que visita a cidade), Tiffany (onde a
presidente Dilma ficou em setembro passado) e Bentley.
Um dos serviços do hotel, aliás, é a possibilidade de
passear por Manhattan a bordo de um esportivo Bentley Mulsanne modelo 2013 – o
carro todo estofado em couro está à disposição dos hóspedes na frente do St.
Regis, com chofer. Outra novidade está na cozinha: desde o final do ano
passado, o chef John DeLucie, sócio dos descolados restaurantes nova-iorquinos
Crown e The Lion, é o novo responsável pelo ótimo cardápio do King Cole Bar.
Essa vida de marajá, claro, cobra seu preço: no St. Regis, a
diária mais barata custa US$ 1.495,00 – e passar um dia em uma suíte top sai
pela bagatela de US$ 10,5 mil.
Tá podendo?
* O repórter viajou a convite da rede Starwood
Hotels & Resorts
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